domingo, 26 de outubro de 2008

A peça "Helena"


Helena era uma decoradora.

Frequentava a alta roda paulistana,tentando digerir a força a futilidade e idiotice da alta sociedade.

Eu a conheci durante um vernissage de uma amiga pintora.

Não sei se fora o meu modo de vestir que chamou sua atenção,mas,ela se aproximou de mim,trasendo duas taças de champagne e dizendo;

-Gosto de homens vestidos de preto...geralmente são misteriosos...

-Acha que escondo algum misterio?-perguntei,recebendo a taça de sua mão-

Ela sorrio.Conversamos a noite toda,e,como não podia deixar de ser,marcamos um encontro em minha casa.

É normal as mulheres falarem demais,mas,Helena era um caso á parte!

Abençoado aquele que inventou a mordaça!

Ela falou,do momento em que entrou em minha casa,e,falaria ate a hora em que eu a amarra-se!

Com tudo dentro do consenso,ela se despio,e eu a amarrei,tomando o cuidado de colocar primeiro uma mordaça de bola!

Amarrei suas mãos ás costas,amarrei seus braços,prendendo-os ao tronco.

Ela deitou-se na cama.

Estiquei suas pernas,fazendo com que elas ficassem proximas a sua cabeça.

Primeiro amarrei uma corda nas perna,passandoa por de traz de suas costas,assim ~,ela não conseguiria voltalas a posição normal.

Feito isso,amarrei seus tornozelos.

Coloquei alguns travesseiros ao seu lado,para que ela não saisse daquela posição.

A minha peça estava pronta!

Ela tinha os seios livres,e,a posição das pernas,deixava suas nádegas entreabertas,facilitando o meu acesso a sua vagina e ao seu ânus.

Tinha que sair para resolver alguns assuntos,por isso,resolvi deixa-la ali,por algumas horas.

É claro,não faria isso sem antes dar um toque de requinte a sua posição desconfortavel!

Um consolo duplo e duas ventosas de borracha me ajudaram no toque final!

Coloquei as ventosas de borracha,uma em cada seio,sobre o mamilo,e fiz pressão.

Elas ficariam ali,sugando os mamilos,ate que eu as retirasse.

Helena começou a gemer...

O consolo,eu o penetrei em sua vagina e em seu ânus,colocando um pedaço de fita adesiva para evitar que caisse.

Helena gemeu ainda mais...

Ela ficaria ali,duplamente penetrada e com as ventosas sugando os seus seios,ate que eu volta-se.

Horas depois retornei.

Servi-me de um bom vinho,e fui ate o quarto,ver a minha peça.

Helena tinha os olhos em lágrimas.Gemia muito,se contorcia.

Sentei-me ao seu lado,beijei o seu rosto.

Retirei as ventosas.Os mamilos de Helena estavam rubros,com os bicos saltados.

Retirei o consolo,aproximei o meu rosto de sua vagina,senti o aroma da secreção,pude ate ve-la escorrendo,devagar...

Helena deveria ter tido um bom par de orgasmos enquanto eu estava fora.

O aroma da sua secreção vaginal me excitou.Enfiei meu rosto em sua vagina,comecei a chupala com vigor!

Helena gemia,se contorcia.

Eu passava as mãos por suas coxas,e chupava.

Não contente,coloquei um preservativo na lingua,e voltei a posição anterior,só que,agora,eu penetrava minha lingua em seu ânus,fazendo movimentos para frente e para traz.

Ela gemia mais ainda.

Fiquei de joelhos,penetrei sua vagina,com força,segurando em suas coxas.

Helena delirava,gemia,hurrava!Uma quantidade enorme de saliva escorria de sua boca.

Comecei a dar tapas em suas coxas e nádegas,enquanto,socava o penis com força,cada vez mais rapido.

Eu a deixei gosar,pois,tinha planos para ela ainda.

Penetrei seu ânus,com força!Ela gemeu,hurrou,gritou!Um grito longo de dor e de prazer.

Fui socando com força,mordendo suas pernas,apertando seus seios.

Eu gosei,e ela gosou novamente.

Eu a soltei,fomos juntos para a banheira,onde,fizemos amor mais algumas vezes.

De volta a sala de visitas,ela voltou a falar sem parar novamente.

Ela andava pela sala,me dizendo o como eu deveria fazer para tirar o aspecto sombrio de minha casa.

Eu ,sentado em um sofa,com a cabeça escorada em uma das mãos,suportando o falatório,e,rodando a mordaça de bola no indicador da outra mão.

Ela continuava falando,dando palpites.Foi ate a sala do piano.

Eu,me aproximei por traz dela,esticando o elástico da mordaça...

sábado, 25 de outubro de 2008

A peça "Eliana"


Conheci Eliana na sala de espera para embarque do aeroporto de Milão.

Ela era uma auto executiva de uma multi nacional,e,como eu estava de passagem pela europa.

Quem pratica o bondage sabe sobre o que estou falando.

Voce consegue conduzir a coversa,de forma a saber se a outra pessoa é uma adepta ou não.

Eliana simpatizava com a pratica do bondage.

Mediante isso,marcamos de nos encotrar-mos novamente no Brasil,em minha casa de campo.

Sexta feira ,noite chuvosa,jantar,luz de velas...

Por volta das onze da noite,eu a levei ao porão da casa.

Acendi a lareira,ela me esperava de pé,com uma taça de vinho na mão...

Eu me aproximei,beijei-a calorosamente.

-O que queres que eu faça,meu senhor?- perguntou ela-

-Quero que tire sua roupa,e coloque isso!

Disse,entregando-lhe um par de sandálias salto 15,com tiras compridas para amarrar nas pernas,e uma meia calça preta.

Ela os colocou.

Eu a levei ate uma cadeira de encosto baixo.

Amarrei seus pulsos ás costas,seus cotuvelos unidos,passando a corda pela frente do corpo,de forma amarrar seus seios,prendendo seus braços fortemente ao corpo.

Beijei sua boca com ardor,enfiei uma esponja de banho nela,usando um pedaço de sarja como mordaça,apertando bem.

Ajudei-a a enclinar-se sobre o encosto da cadeira,ate que os seus seios encostassem no acento da cadeira.

Coloquei uma coleira em seu pescoço,passando uma corda pela argola da coleira,amarrando a outra extremidade ao contraforte da cadeira.

Fui para traz da cadeira,amarrei cada um de seus tornozelos a uma perna da cadeira,obrigando-a a ficar com as pernas afastadas.

Minha peça estava pronta!

Minha missão;romper a meia calça,para poder penetrar Eliana!

Mas,isso,eu deveria fazer com os dentes!

Antes de começar a minha aventura pelas partes baixas de Eliana,resolvi brincar um pouco com ela.

Um cubo de gelo e dois prendedores de papel de plástico,dos grandes,com a mola forte,iriam me ajudar.

Passei o gelo em seus mamilos.Eliana gemeu,um gemido longo!

Em seguida,coloquei um dos prendedores em um dos mamilos!

Um novo gemido!

-Vou tentar romper sua meia calça,para penetra-la!Se eu não conseguir,como punição,colocarei o outro prendedor!

Eliana gemeu,fez não com a cabeça.

Eu me coloquei de joelhos atraz dela,segurei em suas coxas,enfiei meu rosto entre suas pernas,e comecei a chupar sua vagina com força,tentando puxar o tecido da meia calça.

Ela gemia,se contorcia.

Eu chupava,mordia,tentado segurar o tecido.

Eliana sacudia o seu corpo,rebolando em minha cara.

Após varios minutos tentando,sem conseguir romper o tecido,eu me levantei,fui ate a mesa,peguei um cinto,e voltei.

-Menina má!Como punição,vai levar uma surra de cinto!!

Disse isso,e comecei a surrar suas nádegas e suas coxas com o cinto.

Ela sacudia o seu corpo,gemendo,implorando.

Fui ate a frente da cadeira,coloquei o outro prendedor em outro mamilo.

Ela gemeu,gemeu muito!!

O peso do corpo sobre o acento da cadeira,fazia com que a dor provocada pelos prendedores fosse maior!

Dor,angustia,desespero!!

Voltei a ficar de joelhos.Comecei a chupar sua vagina novamente,com força,mordendo o tecido!!

Ela gemia,se contorcia.

Eliana não se conteve e gozou!

Como punição,surrei-lhe novamente com o cinto.

Voltei a ficar de joelhos,chupando e mordendo,ate que,consegui furar o tecido da meia calça.

Com a ajuda dos dedos,rasguei a meia.Fiquei de pé,penetrei a vagina de Eliana,com força.

Eu a penetrei com força,segurando em suas ancas.

Apertei suas nádegas com as mãos,alisava suas coxas,e socava,socava com força!

Eliana se recompos,senti que ela iria gozar novamente!

Eliana gozou,e eu tambem!

Eu a soltei,levei-a em meus braços para o banheiro no andar de cima.

Preparei um banho quente com sais e pétalas de rosas.

Banhei-a,levei-a ao quarto,onde a sequei como a um bebê.

deitei-me ao seu lado.Fizemos amor ate o amanhecer.

Iria demorar,ate que eu visse novamente a peça Eliana...

domingo, 19 de outubro de 2008

"A peça Juliana."


Eu havia me colocado como supervisor dos empregados de um empresario do Rio de janeiro.

Ele havia conseguido fazer uam fusão entre a sua empresa e uma empresa americana.

Para comemorar,promoveu um final de semana em sua ilha particular.

Existem ricos,como eu,que realmente conhecem o significado de ser rico,e,infelizmente existem "ricos",que conseguem denegrir a imagem daqueles que realmente possuem posses de valor incalculavel.

Os convidados começaram a chegar na manhã de sexta feira,trazidos por uma lancha que vinha do continente.

Já faziam quatro meses que eu trabalhava para aquelas pessoas,e,já havia visitado a ilha em outra oportunidade.

Conheci a casa,todas as instalações,e,o galpão de ferragens.

Foi ali que montei meu "nicho de trabalho",e,seria para la que levaria a minha "peça".

Fiquei a manhã toda á beira do ancoradouro,ajudando a receber os convidados para o final de semana.

Fiquei atento,para encontrar alguma convidada que estivesse sozinha.

Fui paciente,e , enfim,ela chegou.Com a ultima lancha.

Desceram em torno de dez pessoas,cinco casais,e por fim,ela,sozinha.

O comanadante tomou-a pela mão, ajudo-a a atravessar a pequena ponte que levava da lancha ao ancouradouro.´

Era perfeita!Mulher de meia idade,por volta de 1,70 de altura,corpo bem modelado,cabelos castanhos que chegavam aos ombros.

Usava boné de viseira branco,oculos de sol,uma blusinha regata branca,calça de agasalho com têniz,uma grande bolsa de tecido branco.

Havia achado a minha "peça" da vez...

Meus patrões promoveram uma festa temática,jamaicana.Muitas tochas,mesas com frutas,camisas coloridas,velas aromáticas,um conjunto tocando reague.

Comida,bebida,e alguma "poieira"para cheirar.

Como é triste ver pessoas que se acham ricas,se entregando a coisas que vão destruir suas vidas!!

Fiquei circulando pela festa,para atender a qualquer problema que surgi-se.Mas,sempre atento a minha "peça".

Sem muita dificuldade,descobri que o seu nome era Juliana.Secretaria executiva da empresa de meu patrão.

Precisava agora de uma oportunidade para te-la em minhas mãos!

Com o passar das horas,o destino veio em meu auxílio!

Um casal bêbado e extremamente mal educado,como todos os faços ricos,deu-lhe um esbarrão,derrubando vinho em seu vestido.

De imediato , a dona da festa mandou que uma empregada a acompanha-se ate seus aposentos,para providenciar a limpeza do vestido.

dei a volta por traz da cas,fazendo um trajeto que me permitiria interceptalas no meio do caminho.

-Mariana,eu quero que voce vá ate as mesas,e providencie a troca das bandeijas!

-Mas,a senhora mandou que eu levasse essa convidada ate seus aposentos...

-Eu cuidarei disso!Agora,va la fora,e troque as bandeijas vasias!

-Sim senhor...

A empregada se retirou,deixando a "peça" em minhas mãos...

Entramos pelo corredor.Eu andava a sua frente,indo em direção aos dormitórios.

retirei um lenço do bolso do casaco,e um pequeno vidro contendo clorofórmio.

Ela não notou quando embebi o lenço.

Abri a porta do dormitório,deixando-a passar por mim.Assim que ela passou,coloquei a mão em seu rosto,tapando seu nariz com o lenço.

Eu a segurei firme com o outro braço.Ela lutou por alguns instantes,e perdeu os sentidos.

Não foi dificil leva-la ate o galpão de ferragens!

Já estava escuro,e,a festa acontecia proximo á piscina,que era do outro lado da casa.

Eu a preparei,e sai,esperando passar o efeito do clorofórmio.

Sonhos desconexos invadiam a sua mente.Aos poucos os sentidos foram voltando.

Ela abrio os olhos,ainda estava meio tonta,devido a ação do clorofórmio.

De inicio,ela não tinha noção de onde estava ou do que estava acontecendo.

Perecbeu que não conseguia mover os braços,nem as mãos,que estavam para traz.

percebeu que algo tapava a sua boca,impedindo-a de gritar,de falar.

Aos poucos,tudo tomou forma!

Ela estava nua,sentada em um selim de bicicleta,que eu havia preparado especialmente para aquilo.

Eu o havia colocado em um cano de ferro,com 1,50m de altura do chão.

Enchi sua boca com estopa,colocando uma mordaça de couro,presa por cintas,bem apertada.

Seus braços estavam amarrados com tres voltas de corda de nylon,corda esta,que estava presa á uma viga no teto do galpão.

O mesmo tipo de corda amarrava seus pulsos firmemente.

Coloquei um peso de cimento em cada um de seus tornozelos,fazendo com que seu corpo pesa-se sobre o selim.

Para completar o quadro,introduzi-lhe um consolo duplo.

Cada vez que ela se movia,o peso do corpo e dos pesos de cimento presos aos tornozelos,faziam com que o consolo penetra-se mais em sua vagina e em seu ânus!

Ela tentou gritar,mas,o maximo que conseguiu,foi um pequeno gemido.

Ela podia ouvir,o som produsido pelas pessoas,do lado de fora do galpão.

Desespero!Dor,desconforto,angustia.

Quem poderia vir salva-la?

Passada uma hora,ela pode ouvir o barulho de uma corrente que corria sobre a madeira da porta do galpão!

Aflita,ânsiosa,ela espera por aquele que sera o seu salvador.

Quando ve a minha figura,entra em desespero!

Eu me aproximo,coloco uma pequena escada ao seu lado,e subo,para ficar na altura dos seus olhos.Olhos arregalados,um olhar de medo e desespero,que pergunta,"por que"?

Passo a mão delicadamente em seu rosto,eu o beijo.

Ela esta suada,seus cabelos estão grudados em sua testa.

Eu massageio seus seios,e os beijo.

Ela geme.

Eu chupo seus seios,com força,por varios minutos...

O consolo incomoda,machuca,o peso do corpo faz com que ele penetre cada vez mais...

Eu retiro do bolso da calça,dois prendedores de madeira,prendedores que eu mesmo fiz,com a ajuda de dois pedaços de madeira,parafuzos,borboletas.

Eu coloco cada um dos prendedores em cada um dos seios,e os vou apertando,até os seios ficarem inflados.

Ela geme,sacode a cabeça.

Dor,desconforto,desespero...

Eu dou mais um beijo em seu rosto,e saio.

Ela ficara ali por mais uma hora.

Uma hora!Naquela posição,naquela situação,levaria uma semana para passar!

Eu volto.

Com o auxilio de uma manivela,abaixo o selim ate que os pés dela alcancem o chão.

Eu a retiro do selim,tiro o consolo.

Ela sente um alívio,mas,geme,e chora,de medo,de angustia...

Eu a conduzo ate um cavalete alto.

Amarro seus tornozelos,um em cada pé do cavalete,obrigando-a a ficar com as pernas separadas.

Solto seus braços e seus pulsos,amarrando cada uma das mãos em um ponto do cavalete.

Ela esta amarrada em X.

Suspendo os seus pés,e,coloco em cada um,um tamanco de madeira,que contem uma trava de madeira no solado,na área do calcanhar.

Eu os prendo aos seus pés com a ajuda de barbante.

Quando ela soltar o peso do corpo sobre eles,os calcanhares começarão a doer.

Eu me ajoelho a sua frente,abraço o seu corpo,começo a sugar a sua vagina,devagar.

Introduzo a minha lingua totalmente dentro dela,chupando ,com força!

Eu aperto as suas nádegas,enquanto chupo,passando a lingua pelos pequenos lábios,dando pequenas mordidas.

Ela geme,geme muito...

Fico de pé,atraz dela.

Eu a penetro por traz.Penetro a sua vagina,introduzindo o meu pêniz com força.

Eu paro,antes que ela consiga alcançar o orgasmo.

Eu saio,deixando-a la por mais uma hora.

As horas passam,no decorrer do dia,ela pode ouvir o barulho das pessoas do lado fora.

Alguns jogam teniz,outros,futebol.

Ela pode ver as silhuetas das pessoas pelas frestas das tábuas da parede.

tenta gritar,pedir socorro,mas,é em vão!!

Passada mais uma hora eu volto.

Trago comigo um pedaço de pão e uma garrafa dágua.

Em outra mão,tenho um enforcardor para cães.

Coloco o pão e a água em uma vasilha no chão,do outro lado do galpão.

Vou ate ela,coloco o enforcador em seu pescoço,solto seus pés.

Antes de soltar as suas mãos,eu a alerto;

-Veja bem,eu vou soltar as suas mãos!Se voce tentar algo,eu puxo o enforcador,e furo o seu pescoço,entendeu?

Ela suplica,fazendo não com a cabeça.

-Otimo!Agora,fique de quatro,vamos,como uma cadela!!

Ela fica.

Eu a faço andar de quatro,levando-a pelo enforcador,como se fosse uma cadela,ate o pão e a água.

-Agora,vou retirar a mordaça,para que coma e beba...se tentar gritar,eu puxo o enforcador,entendeu?

Ela faz sim com a cabeça,mas continua chorando.

Eu tiro a mordaça,ela cospe a estopa.

Coma e beba,como uma cadela,não pegue o pão com as mãos,ou apanha!!

Ela obedece!Lambe a água da valilha para matar a sede,e,com dificuldade,tenta manter o pedaço de pão em sua boca,enquanto mastiga.

-Basta!Fique de joelhos!

-Por favor...me solte... - ela implora-

-Calada!Vou puni-la por ter falado sem minha permição!!

Eu não coloco a mordaça de couro,mas sim,amarro um trapo encardido em sua boca.

Volto a amarrar suas mãos ás costas,e a faço andar de joelhos,sobre o cimento áspero,até uma mesa proxima.

Ela fica de pé,eu faço com que fique de bruços sobre a mesa,penetro sua vagina com força,socando o pêniz com força.

Ela geme,geme e chora.

Eu gozo,o esperma escorre por suas coxas.

Eu a penetro por várias vezes duarnte a tarde,ate o cair da noite.

Quando anoitece,ela esta exausta,machucada...

Eu volto acolocar o clorofórmio em seu nariz,ela desmaia...

Quando ela volta a sí,esta sentada em um sofá,de uma das salas do casarão.

Seu vestido esta limpo da mancha de vinho,e ao lado dela,uma garrafa vazia de uisque.

Eu,já estava em uma lancha,voltando ao continente,me preparando para encontrar a minha proxima "peça"...

sábado, 11 de outubro de 2008

Dom Kabalta


















Após tantos contos envolvendo Dom Kabalta e o seu estranho mundo,resolvi enfim contar como ele surgiu .
Eis aqui a historia de Dom Kabalta e do império da dominação . 




Berlin,Alemanha Oriental,meados de 1944...





Não me lembro ao certo qual idade eu tinha,se eram quatro ou cinco anos.
Era uma época estranha!Papai e mamãe viviam com uma expressão preocupada.

Fazia muito tempo que não realizavam festas em casa!Grandes festas!

Homens e mulheres da alta sociedade alemã,que vinham usando seus melhores trajes,e entravam noite á dentro bebendo champagne e dançando valsas.
Hoje,o nosso casarão se mantinha geralmente ás escuras.Voltava-mos a usar os candelabros de velas amareladas,e a mesa não era tão farta como antes.
Papai e mamãe falavam sobre a "guerra",mas eu não entendia.
A guerra isso,a guerra aquilo...
De todas as pessoas que costumavam frequentar nossa casa,o único que se mantinha fiél era o senhor Von Helder,este sim,amigo de papai e mamãe.

Ele fazia parte de um grupo de pessoas com as quais papai e mamãe se reuniam,normalmente á noite.Não sei por que,mas,eu nunca podia participar dessas reuniões!
Eu sempre ficava aos cuidados da empregada.
Certa noite eu acordei assustado com trovões.Na verdade não eram trovões,mas sim,explosões,bombardeios ao longe.
Eu me levantei e fui andando pelo corredor,iluminado pelas luzes de velas.

Cheguei á porta do quarto de meus pais,ela estava fechada.Chamei pela minha mãe em tom quase inaudível,forçando a porta,mas ela estava trancada.
Fiquei na ponta dos pés,olhei pelo buraco da fechadura,e o que vi me deixou chocado!!
Minha mãe estava de joelhos sobre a cama,ela usava uma roupa preta,curta,que deixava suas pernas á mostra.
Suas mãos estavam amarradas para traz,com os braços esticados para cima,por uma corda que se via presa a uma trave de madeira sobre a cama.

Uma tira preta e apertada cobria a boca de minha mãe,e um homem vestido de preto usando uma máscara que lhe cobria os olhos a agredia com uma chibata nas nádegas!
Entrei em desespero ao ver aquilo!Comecei a berrar por minha mãe,a chutar e a esmurrar a porta!
Passado alguns minutos a porta se abriu,meu pai irrompeu por ela,seguido por minha mãe.
Ela usava um roupão de cetim preto,se ajoelhou ao meu lado me abraçando.
-O que houve filhinho,o que houve?-perguntou ela me amparando-
-Tem um homem batendo em você!-respondi chorando-
-Você teve um pesadelo - disse o meu pai - nada mais que isso!
-Eu vi,eu vi!!- insisti chorando-
-Não havia homem algum batendo na mamãe- disse ela-vê?Eu estou aqui,eu estou bem...
Ela me pegou no colo e os dois me levaram de volta ao meu quarto.
Papai sentou-se em um dos lados da cama,e mamãe do outro,tomando o cuidado para sentar-se de lado...
Eu só viria a entender o sentido daquela imagem algum tempo depois..
Passado algum tempo eu estava brincando sobre o tapete da sala,quando pude ouvir o senhor Von Helder conversando com papai;
-As coisas não estão nada bem herr Kabaulth - disse Von Helder -

-Eu sei,ouvi dizer que o "fuhrer" esta aqui em Berlin...se ele mesmo recuou para cá,é sinal de que mais dia menos dia o reich vira á baixo...
-Os aliados estão nas cercanias da cidade my herr( meu senhor),creio que o fuhrer não suportará muito tempo!

-Não vejo a hora disso tudo terminar...que os aliados tomem a cidade e acabem com essa maldita guerra...

-Não é tão simples assim meu senhor...o desespero de estar perdendo a guerra esta levando o fuhrer a tomar decisões ainda mais desastrosas!
-Mais ainda?- perguntou meu pai sorrindo-
-Saiba o senhor que estamos na lista negra da "SS"!- disse Von Helder -

-Hipócritas!-disse o meu pai-;posso apontar mais de uma dúzia de oficiais da "SS" que praticam ou são simpatizantes do sadomasoquismo!
-Seria a sua palavra contra a deles my herr...

Papai ficou pensativo,olhando para a chama da lareira.

-Vim aqui justamente por isso my herr - começou Von Helder -;o "império" possui uma masmorra,nas terras da America do Sul...eles nos oferecem abrigo la,ate que tudo termine...
-Terei eu que fugir da minha pátria?
-Só enquanto isso tudo não termina my herr...é o mais seguro agora!
Papai tomou um gole de cognac.
-Como faríamos isso?- perguntou ele -

-Dentro de dois dias o império terá um voo para Londres.De lá seguiremos de navio ate a America do Sul.
-Não sei...

-Por favor my herr,vamos colocar frau (senhora) Kabaulth e "klein"( pequeno)Kabaulth em segurança.

Papai deu mais uma golada no cognac.
-Certo...vamos nos aprontar para partir daqui a dois dias!

Foram horas de preparativos,tensão e expectativa!
O tal voo sairia no começo da noite de uma pista clandestina nos arredores de Berlin.
Era inicio de inverno,todos colocamos casacos,bonés e luvas.
As poucas malas que levávamos foram colocadas no carro de papai.

Von Helder tinha um pequeno caminhão que usava para transportar porcos.
Eu ia entrando no carro quando papai disse;
-Espere!Von Helder,acho melhor que meu filho vá com você no caminhão!

-Por que my herr?
-Precaução...só isso...

Assim foi feito.Eu fui para a cabina do caminhão com Von Helder,meu pai e minha mãe no carro,logo atras.
Conforme combinado,Von Helder manteve uma boa distância do carro de papai.
Rodamos por quase uma hora.Cenário desolador,frio,cinza,cheiro de madeira queimada.
Von helder dirigia em silêncio,olhar fixo na estrada.
De repente ele exclamou;
-Droga!!Uma blitz!
A algumas centenas de metros á frente,soldados alemães e veículos militares barravam a passagem na estrada de terra.

Von Helder meteu a mão no bolso do casaco,tirou de lá um pequeno vidro tapado com uma rolha.
Ele arrancou a rolha com a boca,e meteu o vidro no meu nariz,dizendo com a mesma entre os dentes;
-Cheire isso,rápido!!

Não sei que raio era aquilo que ele me deu para cheirar,só sei que era adocicado,e me fez começar a tossir sem parar!
Eu tossia,tossia,não conseguia parar!

Um soldado que levava o fuzil no ombro levantou o braço gritando "alto".Outro,manteve-se ao seu lado,com o fuzil apontado para o caminhão.
Von Helder parou lentamente e desligou o motor.
Cada um dos soldados se aproximou de uma das janelas da cabina.Eu continuava a tossir.
Sem que o soldado pedi-se,Von Helder retirou documentos do bolso do casaco,entregando-os.
-Esta indo para onde?-perguntou o soldado,recebendo os documentos-
-Meu sobrinho - começou Von Helder -esta com tuberculose...vou tentar achar um medico...
Ele voltou-se para o soldado que estava do meu lado,com a cabeça quase enfiada dentro da cabina,e repetiu;

-Tuberculose!
O soldado ao ouvir isso,afastou-se da cabina,tapando o nariz com a mão!E eu,tossia!!
-Se o senhor quiser - disse Von Helder ao outro soldado-podemos descer para o senhor averiguar...

-Não é preciso - respondeu o soldado devolvendo os documentos - pode seguir,mas,sera difícil encontrar alguém em Berlin que possa ajudá-lo...daqui a alguns quilômetros ha uma base da 5ºcia,alí você encontrará um medico.

-Obrigado senhor - respondeu Von Helder dando partida no motor -

-Vá!- disse o soldado - desocupe a estrada!
-Heil Hitler!- disse Von Helder erguendo um pouco a mão -

-Heil Hitler!- respondeu o soldado,voltando o seu olhar para a estrada-

Von Helder olhou pelo espelho retrovisor e viu o carro de papai que se aproximava.

Propositalmente Von Helder deixou o motor do caminhão morrer algumas vezes.

-Vamos!-gritou o soldado- Libere a estrada!!

-Desculpe senhor...carro velho...

Von Helder ligou o caminhão,andou lentamente rente ao meio fio da estrada.Ele meteu a mão no bolso do casaco novamente,tirou um novo vidrinho que me fez cheirar.

Dessa vez era algo parecido com vinagre!O que importa,é que assim que cheirei aquilo,parei de tossir.

Von Helder parou o caminhão.Dava a partida,andava um pouco e parava,como se houvesse um defeito mecânico.

Ele ficou olhando os soldados pararem o carro de papai,pegarem os documentos.
Eu assistia a tudo pelo vidro de traz do caminhão.

De repente,alguns soldados se aproximaram do carro,apontando seus fuzis!

Papai e mamãe saíram,levantando as mãos,ficando um ao lado do outro,com os soldados apontando os fuzis.
Papai sabia que Von Helder estava olhando,por isso,levantou o pé esquerdo e passou a ponta do sapato na barra da calça.
Era um sinal!Um sinal que queria dizer;"Suma!!Desapareça daqui,agora!!"
Von Helder obedeceu!Deu a partida no motor e saio.

A ultima imagem que guardo de meus pais é essa!Papai e mamãe lado a lado de braços erguidos,rodeados de soldados,sob uma luz fraca do poste!
Eu nunca mais veria meus pais...

Já era noite quando chegamos a tal pista clandestina.
Um grande avião bimotor nos aguardava.
Eu perguntava a Von Helder se não iriamos esperar por papai e mamãe,ele não respondia nada.
Entramos no avião.Reconheci ali várias pessoas ,daquelas que participavam das "reuniões"noturnas la em casa.
Todos traziam o medo e a expectativa no rosto.
Passado mais algum tempo a porta foi fechada,os motores foram ligados.
O cheiro da gasolina queimada me virou o estômago.
Era a primeira vez que eu voava,e rezava para que fosse a última!
O avião sacudia,sentíamos frio,o barulho dos motores era ensurdecedor!

Foram horas ate que pousamos em Londres.

Vários carros pretos esperavam por nós.Fomos levados ate um porto,onde haviam alguns navios atracados.
Uma densa neblina ajudava a encobrir toda a movimentação.
Perguntei novamente para Von Helder sobre meus pais.Ele limitou-se a olhar para mim e responder;
-Eles estão bem agora...não se preocupe...
A primeira preocupação daquelas pessoas era com o voo!Sair de Berlin e passar pelas baterias anti-aéreas!

A segunda começava agora,na viagem de navio ate a America do Sul,escapando dos submarinos alemães!

Foram dias de viagem no mar,dias de angústia,de medo,de incertezas!
Tínhamos que usar um maldito colete salva vidas durante vinte e quatro horas!
Perguntei a Von Helder o por que daquilo,e ele me respondeu;

-Se um torpedo nos atingir não teremos muito tempo para colocá-los...
Von Helder cuidava de mim como se fosse meu pai.Na verdade,de agora em diante ,é o que ele seria...
Passado algum tempo o cenário foi mudando!
O céu cinzento deu lugar a um céu azul e ensolarado.O frio deu lugar a um calor,alegre e acolhedor.

Eu comecei a ver sorrisos nos rostos das pessoas!Ate Von Helder mudou sua expressão.
Enfim atracamos!
Era uma terra colorida,cheia de luz,de cheiros,de sons,de calor!!

Um povo que,ao contrário de nós,tinha uma pele morena,eram sorridentes,amistosos,falavam uma língua diferente da nossa!

Passamos a noite em um hotel.No dia seguinte,pegamos um ônibus,e passamos três dias viajando.
Chegamos em uma cidade com poucos prédios altos.
Um taxi nos deixou defronte á um edifício de uns cinco andares.

Entramos no saguão.De um lado havia um elevador,do outro,uma pequena porta,meio escondida por grandes vasos com plantas.
Von Helder fez um sinal para um senhor que cuidava da porta,ele a abriu ,e nós entramos.
Era um corredor largo e escuro,iluminado com tochas que ficavam dependuradas nas paredes de pedra .
Um eco de gritos se fazia ouvir de vez em quando,por isso,eu segurei forte na mão de Von Helder.
Começamos a descer.
Em uma bifurcação,Von Helder optou pela esquerda,e saímos em uma ante sala mais iluminada.
Havia uma escrivaninha e uma bela mulher vestida de preto sentada.
Von Helder me sentou em uma poltrona dizendo;
-Fique aqui quietinho,eu volto logo,se precisar de algo,peça á aquela moça,certo?

Fiz "sim" com a cabeça.Von Helder entrou em uma sala,fechando a porta atras de si.
A sala era extremamente limpa,perfumada,decorada com quadros e flores.

O silêncio era quebrado apenas pelo tic-tac de um grande relógio de parede.
A linda moça as vezes olhava para mim , sorria e voltava a escrever.

De repente,a porta se abriu.Pensei que fosse Von Helder voltando,mas,no lugar dele,saiu uma mulher,usando um vestido de couro preto que chegava ate os joelhos,saltos bem altos,luvas pretas,e algo preto parecendo uma tira de couro que tapava sua boca.

Ela trazia um envelope nas mãos,e passou por nós como se nada estivesse acontecendo!
Fiquei assustado com aquilo!Lembrei-me de mamãe,amarrada no quarto,apanhando daquele homem!
A moça da escrivaninha olhou para mim,sorrio,e voltou a escrever.

Abriu-se a porta novamente!Desta vez era Von Helder!
Ele havia mudado de roupa.Usava calça e botas de couro preto,e uma túnica preta que vinha ate a cintura,presa por um largo cinto de couro.
Ate os seus cabelos estavam penteados de forma diferente,totalmente esticados para traz!
Ele sorrio para mim,estendeu a mão e disse;
-Vamos!Você agora vai conhecer alguém especial!

Voltamos pelo corredor ate a bifurcação.Entramos no lado direito,andamos um pouco,havia uma curva á direita.
A partir dali eu entrei em um outro mundo!
Homens e mulheres semi-nus andavam pelos corredores,normalmente,sem o menor constrangimento!
Alguns usavam mordaças,outros,máscaras que cobriam todo o rosto,deixando apenas os olhos á mostra.

A maioria usava um tipo de vestido de algodão grosso,branco,com adornos quadriculados nas bordas em cor marrom.

Esse adorno lembrava muito um vaso grego que mamãe tinha la em casa.A diferença é que a "saia" dos homens era curta,um pouco acima dos joelhos,e das mulheres,ia ate a altura das canelas.

Von Helder respondeu-me a uma pergunta,dizendo que aquelas pessoas eram escravos e escravas,mas que estavam ali por vontade própria.
Eu não entendia...
Entramos por um corredor mais largo,repleto de grandes colunas de pedra.
No final do corredor,duas enormes e pesadas portas de madeira,guardadas por dois soldados.

Não eram soldados como os que nos pararam na estrada!Mas sim,homens usando um tipo de uniforme,que parecia com as estatuetas de soldados romanos que papai tinha sobre a mesa de escritório,portando lanças.
Um desses homens abriu a porta e nós entramos.
Era um salão grande,com colunas,chão de pedra.Parecia uma catedral.

Havia um grande vitral colorido no teto,que fazia o desenho de um símbolo circular com pontas.
Logo abaixo,no piso,havia um mosaico de pedras coloridas,que representava o mesmo símbolo.
Era o símbolo do império.

Mais adiante,um altar com sete tronos.Sentados nos tronos,sete homens,que usavam um manto preto brilhante e capuz,que não deixava ver os olhos.
O trono do "meio",se destacava dos outros,devido a altura do seu encosto.

Paramos diante dos degraus que levavam aos tronos.
Von Helder soltou a minha mão e colocou-se de joelhos,mantendo a cabeça baixa.
O homem que se sentava no trono do "meio",se levantou e desceu ate nós.
-Seja bem vindo Von Helder.- disse o homem na língua falada naquele pais -

Achei que deveria me ajoelhar também,mas,quando fui fazê-lo,o homem colocou a mão sobre a minha cabeça,e disse,no mais fluente alemão;
-Você não precisa se ajoelhar ainda meu jovem.
Ele se voltou novamente para Von Helder,falando na outra língua;
-Theodor e Olivia?
-Não conseguiram, meu mestre!
-Compreendo...e o menino?
-Responsabilidade minha,meu mestre.
-Honremos então seu pai e sua mãe!Encaminhe-o!
-Farei o melhor,mestre!- disse Von Helder -
-Ótimo!Podem ir!- disse o mestre estendendo a mão direita -
Von Helder beijou as costas da mão do mestre,encostando-a na testa em seguida.

Ele se levantou,pegou minha mão,deu alguns passos de fasto,virou-se e saímos do salão.

Fomos andando pelos corredores com parede de pedra iluminados por tochas.
Passávamos diante a aberturas nessas paredes.Aberturas do tamanho de portas,que Von Helder chamou de "nichos".
Não dava para ver com precisão o que tinha ali dentro daqueles "nichos",mas,as vezes,aparecia na porta um homem ou uma mulher,vestindo uma roupa parecida com a de Von Helder.

Eles faziam um rápido cumprimento com a cabeça,alguns falavam algo naquela língua que eu não entendia.

Chegamos no nicho de Von Helder.
Escravos vieram receber-nos.Von Helder deu algumas ordens na língua nativa,e eles começaram a trabalhar no nicho.
Minhas roupas foram trocadas por uma túnica de estopa branca e uma calça cinza.
No lugar do cinto,um pedaço de corda amarrado na minha cintura é que segurava as calças.
Era tudo novo!Tudo fascinante!
Havia uma escola dentro daquele lugar.Foi la que comecei a aprender a língua local,e tudo o mais que deveria aprender em uma escola!
Um ano depois de nossa chegada á "masmorra da America do Sul",tivemos notícias do fim da guerra!
Perguntei a Von Helder se voltaríamos á Alemanha,se eu iria ver meus pais novamente.
-Não ha mais nada que nos interesse na Alemanha agora Klein Kabaulth!- respondeu ele-
-E papai e mamãe?
Ele não respondia nada.

Von Helder me tratava como se fosse meu pai!Em tudo!

Só uma coisa ele fez de diferente ao que o meu pai fazia;cortar o meu cabelo.
Lembro que papai me levava constantemente no barbeiro,deixando em mim um corte bem baixo.
Agora, ao entrar na adolescência,eu tinha um cabelo que quase chegava á cintura.Escravas cuidavam dele para mim.
Lavavam,escovavam,faziam uma trança,cortavam as pontas quando preciso.
Eu não era o único a usar cabelos longos ali!Muitos daqueles homens de roupa preta usavam também!
Com treze anos de idade,Von Helder me colocou para trabalhar no nicho e na masmorra.
Aprendi a amarrar as escravas,a colocá-las nos castigos,como e quando soltá-las.

Existia uma cova no meio do nicho,com uma grade de ferro sobre ela.Nós colocávamos ate oito mulheres deitadas ali dentro,encolhidas,com as mãos amarradas ás costas,pés amarrados e amordaçadas.
Elas ficavam horas ali,deitadas no chão duro e frio,espremidas umas nas outras.
Para completar o desconforto,eu ainda jogava um balde d'agua sobre elas( por ordem de Von Helder,bem dito!),fazendo-as gemer e tremer de frio!
Mas eu as banhava também!E fazia isso com muito prazer e carinho!Muito mais carinho que prazer.
Sempre gostei de cuidar bem das escravas.

Entre faxinas no nicho,entrega de materiais,ajuda a outros Dons(aqueles homens e mulheres levavam títulos,eram Dons,Lordes,Senhores,Mestres,Dommes,Duquesas e Rainhas),ajudava na cozinha da masmorra também.

Mas não tinha permissão para fazer minhas refeições no salão da ceia,por isso,logo depois que arrumávamos o salão ,eu comia com os escravos e escravas na cozinha.

Eu gostava muito de ajudar a uma das dommes,Luzia.
Ela tinha um carinho todo especial por mim.As vezes me fazia lembrar mamãe.

Certa vez eu voltava com Von Helder do salão do conselho,quando algo me chamou a atenção em um corredor escuro que levava a uma das alas da masmorra.
Eram clarões azulados,clarões que vinham do final do corredor.
Fiz menção de ir ver o que era,quando Von Helder me segurou firme o braço,chamando-me a atenção;

-Pare!!Você nunca deve entrar ai!- disse ele ríspido -
-Por que senhor?O ha la?
-É o nicho de Lorde Malevolon!- respondeu ele com temor nos olhos-
-Ele esta soldando algo la?
-Aquilo não é o clarão de uma solda rapaz...são relâmpagos!

-Mas...senhor,como podem ser relâmpagos dentro de um nicho?Por acaso não existe um teto ali?

-Malevolon é um bruxo!Não faça mais perguntas,e nunca se aproxime de la!
Olhei trêmulo para o corredor,contemplando os clarões que não cessavam.

Von Helder não se mostrava muito bem de saúde nos últimos tempos.

Chegou o dia em que ele caiu de cama,e não se levantou mais!Os médicos da masmorra não tinham esperanças sobre a sua recuperação.
Eu estava sentado á beira de sua cama,segurando sua mão.
Junto de nós estavam um medico ,uma enfermeira e domme Luzia.

Mesmo morrendo ele mantinha a sua postura de dominador,tentando falar com uma voz firme e segura.
-Luzia - disse ele apontando para uma cômoda -pegue aquela pequena caixa de madeira,por favor.
Luzia o fez.
Von Helder abriu a pequena caixa,e despejou seu conteúdo no meu colo,segurando minha mão.
-Isso agora lhe pertence,guarde com honra.
Ali haviam um broche com o símbolo do império,uma grande fivela de cinto e algumas fotos.
-Não vou precisar guardar isso meu senhor - disse - o senhor mesmo continuara guardando-as...vai ficar bom...
Enquanto falava eu olhava as fotos.De repente,me detive com uma delas na mão.
Era uma foto velha,em preto e branco,desbotada pelo tempo,meio amassada.
Meu pai e minha mãe estavam ali!Os dois vestidos de preto,mamãe de braços cruzados ,papai por traz dela a abraçava.
Estavam usando o mesmo tipo de roupa que todos usavam ali na masmorra,com a diferença de que,papai tinha um broche do império preso do lado esquerdo do peito.
Voltei-me para Von Helder e perguntei;

-Por que meu pai usa um broche do império,senhor?

Não houve resposta!Von Helder segurava a minha mão,olhar fixo para o nada,boca entreaberta,imóvel...

-Senhor?- insisti,sacudindo sua mão-

-Von Helder,senhor??
Nada!!
Domme Luzia se aproximou,soltou a minha mão da mão de Von Helder,levantando-me pelos ombros.
O medico pegou a ponta do cobertor,cobrindo o rosto dele.
-O que esta havendo?Por que o medico fez isso?Por que doutor?-perguntei atônito-

-Von Helder se foi meu jovem!- respondeu o medico -

-Como se foi???
-Ele esta bem agora!-disse domme Luzia-

Nesse momento,lembrei-me que Von Helder havia me dito o mesmo na pista clandestina,naquela noite em que fugíamos da Alemanha!
-"Seus pais estão bem agora!"

Olhei para a foto em minha mão!

"Ele esta bem agora,ele esta bem agora,ele esta bem agora..."
Veio na minha mente a imagem de meus pais saindo do carro com as mãos para cima...
"Eles estão bem agora,eles estão bem agora,eles estão bem agora..."

Papai com o seu olhar frio,passando a ponta do sapato na calça,os fuzis,os soldados!
"Eles estão bem agora,eles estão bem agora,eles estão bem agora..."

-Mãe!Pai!- comecei a chorar -

Domme Luzia me abraçou.
-Venha meu menino...você ficara comigo agora...

Passei a ser pupilo de domme Luzia,foi a vontade de Von Helder.

Assisti a retirada de seu corpo pelos funcionários fúnebres do império.

Homens altos,magros,roupas e turbantes pretos,com tatuagens tribais no rosto.

Eles andavam sem fazer barulho.Pegaram a urna com o corpo de Von Helder,levantaram,colocaram nos ombros e saíram com um andar cadenciado.

Passei a trabalhar no nicho de domme Luzia.Quando completei dezesseis anos recebi permissão para fazer as refeições no salão da ceia,junto com os dons e dommes.

Luzia me ensinou todo o procedimento.Entravamos,sentávamos,esperávamos o mestre chegar com o conselho.
Depois que eles se sentavam,podíamos nos levantar e nos servir.
Havia sempre uma ou duas escravas semi- nuas,amarradas e amordaçadas,deitadas em grandes bandejas de prata,decoradas com legumes,flores,etc...
Não!Não eramos canibais,tratava-se apenas de uma decoração!
A mesa era comprida e larga.O mestre sentava-se na ponta,ladeado pelos conselheiros.

Havia um pequeno palco,onde algumas escravas usando mordaças de couro,executavam obras em violino e violoncelo.
Notei que havia uma mesa á parte,com apenas dua cadeiras.
Era muita novidade para mim...

Nós nos servimos,voltamos para a mesa,e ,iniciamos a refeição,quando comecei a ouvir um som estranho que vinha do corredor.

Começou baixo,e foi aumentando aos poucos.

Seria um grupo de soldados vindo em marcha para o salão da ceia?Um grupo de escravos,carregando peças de metal que balançavam e faziam barulho?

Em dado momento as escravas pararam de tocar e abaixaram suas cabeças.
Notei que todos ,menos o mestre,pousaram seus talheres sobre a mesa e abaixaram suas cabeças.
-Abaixe sua cabeça!- ordenou-me domme Luzia -

-Por que senhora?
-Abaixe sua cabeça!!- repetiu ela entre os dentes,dando um tapa em meu braço -

Obedeci!Larguei meus talheres e abaixei a cabeça,mas,fiquei espiando de lado,o máximo que pude,para ver quem,ou o que,entraria no salão.
Quando o som chegou mais perto,percebi que não se tratava dos passos de várias pessoas,mas sim,de uma "única" pessoa!
Quando aquele que pisava pesado irrompeu á porta,só uma palavra me veio á mente;

Gigante!

Era um homem com mais de dois metros altura,dois metros e meio eu acho!
Seus ombros eram largos como um guarda -roupas!

Usava uma roupa de couro preto que deixava seus ombros mais largos ainda,calças de couro,botas ate os joelhos envoltas em correntes,rebites metálicos espalhados pelo ombro e peito,e um saião de couro que vinha da cintura ate os pés.

Seus braços eram revestidos com puceiras de couro cheias de rebites metálicos que iam dos pulsos ate os cotovelos.
Anéis com pedras de várias cores ornavam seus dedos.

Rosto duro,quadrado,olhos firmes,sobrancelhas serradas,com os cantos da boca caídos para baixo!

Usava duas enormes tranças no cabelo,e um símbolo do império no lado esquerdo do peito!
Aquela "muralha" humana entrou,com seus passos pesados.
Colocou-se de joelhos ao lado do mestre,que estendeu sua mão.
Ele beijou a mão do mestre,encostando-a na testa em seguida.Feito isso,levantou-se,e recomeçou sua caminhada ate a mesa que eu havia visto á parte.

Suas botas rangiam o solado quando pisava,fazendo um som uniforme com as correntes.


Era ridículo ver aquele "muro"ambulante se sentando em uma cadeira tão pequena!

Mas ele se sentou,e,após um breve movimento de sua cabeça,as escravas voltaram a tocar alegremente,e todos nós levantamos nossas cabeças e voltamos a comer.

Quis virar o rosto para olha-lo,mas,um novo tapa de domme Luzia me impediu!
-Não olhe!!-disse ela sussurrando-

-Quem é ele ,mãe?- perguntei -

-Lorde Malevolon!

Eu estava impressionado!Eu estava fascinado!!Aquele era o famoso Lorde Malevolon!!!
-Ele usa um símbolo do império no peito?- perguntei -
-Sim!- respondeu Luzia -Ele é um lorde imperial...por isso temos tanto respeito por ele...

-E meu pai?Meu pai tinha um símbolo desses...

-Seu pai era um lorde imperial também...agora,pare de fazer perguntas,e coma!!

Minha vida iria começar a mudar a partir daquele dia...

O tempo foi passando.Dia apos dia eu assistia a mesma cena,Malevolon chegando,beijando a mão do mestre,sentando-se só.
Comecei a sentir algo no meu coração!Ao contrário dos demais,que temiam Malevolon,eu o admirava!
Uma noite,durante a refeição,juntei coragem,e fiz o que o meu coração mandava.
Peguei meu prato e meus talheres,levantei-me da mesa,e fui em direção a Malevolon.

Domme Luzia conversava com outra domme,ela olhou de lado mas pensou que eu iria pegar mais comida.

A outra domme arregalou os olhos e começou a apontar freneticamente na minha direção!Quando Luzia virou-se para ver ,já era tarde!
-Kabaulth!Kabaulth!- chamou ela baixo,tentando me impedir -
A medida que eu me aproximava da mesa,aquele gigante ia aumentando de tamanho!
Eu insistia em ir para a frente,mas minhas pernas queriam voltar!
Parei ao lado dele segurando meu prato,ele nem se deu ao trabalho de olhar para mim e continuou a comer.

Respirei fundo e disse;
-"Vossa senhoria me concede a honra de sentar e fazer a minha refeição com o senhor?"

Suspense e expectativa no salão!

Todos pararam de comer e ficaram em silêncio,aguardando o desfecho daquela loucura!

A outra domme amparava Luzia,que começava a chorar,olhando aflita para o mestre,esperando uma atitude dele.
Sem olhar para mim,Malevolon colocou seus talheres sobre a mesa,afastou a cadeira ,e começou a se colocar de pé.
Eu tive que inclinar a minha cabeça para traz,para acompanhar aquela árvore humana que crescia na minha frente!

O prato tremia na minha mão!Todos esperavam uma chicotada,ou,uma punhalada fatal,pois,Malevolon trazia um pequeno punhal escondido em uma das puceiras!

Fiquei tranquilo!Sabia que não poderia morrer ali naquele momento,pois,a morte já deveria ter corrido e me deixado sozinho com ele...

Malevolon olhou para todos,e com a sua voz grave disse;
-"Nunca antes vi tamanha demonstração de coragem e de honra !"

Ele olhou para mim,que tentava segurar o prato que tremia...
-Ficarei honrado que me acompanhe meu jovem!Pode se sentar!

Alívio geral!Domme Luzia caiu sentada em sua cadeira,meio desfalecida,acudida por sua amiga.
Aos poucos voltou-se a ouvir o som dos talheres e as conversas,regadas pela musica das escravas.
Sentei-me e começamos a comer.

-Como te chamas meu jovem?-perguntou ele-

-Kabaulth,meu senhor.

-Kabaulth?Filho de Theodor e Olivía?
-Sim,meu senhor...
-Pelos céus!O que fazes aqui nessas terras meu jovem?E seus pais?
Contei a Malevolon toda a minha historia,ate a morte de Von Helder.

Ao termino da minha narrativa,ele ficou me olhando em silêncio.

-Tu falas olhando nos olhos...és um homem honrado!- disse ele -
Quando terminou sua refeição,ele empurrou o prato e disse;

-Sera uma honra te-lo aqui comigo todos os dias!Temos muito o que conversar!

-Agora,pegue o seu prato,e volte para a mesa,junto de sua cuidadora!E nunca deixe de obedecê-la e de honrá-la!

Nos levantamos,ele foi ate o mestre,e eu sentei-me junto de domme Luzia.
Assim que Malevolon saiu,Luzia começou a me bater com tapas na cabeça e nos braços.
-Quer me matar?Você quer me matar??- esbravejava ela -
-Luzia!Luzia!- era a voz do mestre -

Domme Luzia levantou-se,colocando-se de joelhos.
-Sim,meu mestre...
-Deixe o rapaz!- ordenou ele-
Ela ficou algumas horas sem falar comigo,mas depois de passado o susto,voltou ao normal.

Daquele dia em diante eu comecei a fazer as minhas refeições com Malevolon.
Havia um pouco de inveja e despeito por parte de algumas pessoas,mas domme Luzia dizia para não dar atenção.
Certo dia,após terminarmos o almoço,Malevolon deteve-se junto a Luzia e disse;

-Vou solicitar ao conselho que o jovem Kabaulth trabalhe comigo!Creio que a senhora não ira se opor!
-Claro que não meu lorde,sera uma honra!- respondeu Luzia com dor no coração -

Quando Malevolon disse;"Vou solicitar",na verdade ele quis dizer;"Ele vira comigo",pois,sendo um lorde imperial,tinha poderes e direitos que nem mesmo o conselho poderia intervir.
Dois dias depois me mudei para o seu nicho.

Fui encontra-lo na porta da biblioteca.Meus poucos pertences cabiam em uma pequena mochila de lona.

Ajudei-o a trazer uma pilha de livros para o nicho.

Ele tirou a chave do bolso da calça e abriu a porta.La dentro,uma cena memorável!

Uma jaula contendo uma dúzia de mulheres nuas,amordaçadas,que começaram a esticar seus braços para fora das grades,gemendo,desesperadas por tocarem á Malevolon!

Colocamos os livros sobre uma bancada,ele se aproximou da jaula,tirando outra chave do bolso.
-Calma meninas,calma!-dizia ele -Eu vou abrir mas vocês irão sair em ordem,em ordem!
Ele começou a passar a chave na fechadura.

-Saiam e façam um circulo ao meu redor- disse enquanto abria a porta da jaula -

As escravas foram saindo uma a uma,colocando-se em circulo ao redor dele.

Quando a ultima se posicionou,ele abriu os enormes braços e disse;
-Pronto minhas meninas!Podem vir!!- e soltou uma gargalhada,enquanto as escravas corriam para abraçá-lo.-

Malevolon beijou a cabeça de cada uma delas!Afagava seus cabelos,e quase conseguia abraçar a todas de uma só vez!
-Minhas lindas...calma...calma...
Elas se espremiam contra ele gemendo,cada qual querendo mais carinho que a outra.
Eu nunca poderia imaginar uma coisa daquelas!Lorde Malevolon tratando suas escravas com tanto carinho!
Aquela cena me lembrou uma ocasião,em que papai fora visitar um amigo que criava cães reprodutores.
Quando o amigo de papai se aproximou da cerca do canil,os cães pulavam e latiam,alegres.

Quando ele abriu o portão,eles saíram e rodearam seu dono,apoiando-se com as patas dianteiras nele,abanando o rabo e lambendo seu rosto!
É uma comparação estranha,eu sei,mas,lembrei-me disso...
-Bem,klein Kabaulth,eu vou dar atenção ás minhas meninas...você fique a vontade,olhe tudo,mexa em tudo,só tome cuidado para não pisar em uma das minhas amiguinhas peludas...

Amiguinhas peludas?Do que ele estava falando?
-O seu quarto é a ultima porta á esquerda no corredor...

Ele disse isso e saiu,rodeado pelas escravas que o acompanharam ate o quarto no final do corredor.
A porta se bateu,e eu só voltaria a vê-lo no dia seguinte!

Quando peguei minha mochila para ir para o meu quarto,descobri á quem Malevolon se referia ao dizer "minhas amigas peludas"!
Notei a presença de várias aranhas caranguejeiras saindo aqui e ali,passeando pela bancada do nicho.

Malevolon trocou a minha túnica de estopa branca por uma de tecido preto que tinha o símbolo do império costurado no peito.
Só aquilo fez com que as pessoas me olha-sem de forma diferente.
Malevolon me surpreendeu em tudo!
Começávamos o dia bem cedo,fazendo exercícios chineses para relaxar e ter auto controle.
Acreditem!Aquele monstro de homem fazia exercícios com movimentos leves e delicados!
Ele me ensinou também algumas artes marciais,luta com lanças,com espadas.

Vários tipos de nós( os quais eu nunca conseguia me lembrar depois),posições diversas de castigos,enfim!

Certo dia amarramos uma escrava sobre o tablado.Ela ficou curvada para frente,com as mãos amarradas junto aos pés,e uma quantidade de cordas que envolveram suas pernas e braços do tornozelo ate as coxas,fazendo-a parecer com um carretel humano.

Ao termino da amarração Malevolon me entregou uma chibata dizendo;
-Muito bem,surre-a!

Era para mim bater nas nádegas dela!
Quando levantei a chibata para desferir o primeiro golpe,uma prensa hidráulica segurou o meu braço no ar,quase me levantando do chão!Era a mão de Malevolon!
-"Tisc,tisc",não,não,não...
Disse ele calmamente,soltando o meu braço.
-Eu disse para surra-la,e não para "espancá-la".

-Perdão senhor...mas...qual a diferença?
Malevolon pegou a chibata de minha mão.

-Vire-se!- ordenou!Eu me virei,dizendo adeus para o mundo-

Malevolon deu-me tamanha chibatada na bunda,que a minha oitava geração ira sentir a dor!
-Assim você á espanca!
Em seguida,começou a dar rápidas e contínuas chibatadas em minhas pernas,enquanto falava;


-Assim você á surra,com calma,sem muita força,faça como o vento e o mar que esculpem os rochedos!
Estava começando a doer...
-Vê?Não é só a dor que conta!É a angústia,o desespero de não saber quando você irá parar...você controla,você manda,você é o dono da vida dela,entende?

Entendo sim,por favor!Eu já não aguentava mais!
Malevolon devolveu-me a chibata.
-Nossa função não é espancar escravas,mas sim,proporcionar prazer á elas!O prazer que elas vem buscar aqui!
Vá entender!!

Uma mulher que se deixa amarrar em uma posição desconfortável,usando um salto que a punha na ponta dos pés,com cordas apertando suas pernas e uma mordaça espremendo seu rosto,e que ainda queria apanhar para sentir prazer???
Sinceramente!Eu não conseguia entender aquilo!

O tempo foi passando,.Malevolon realmente era um lorde severo,cruel no seu serviço,mas profissional!Suas escravas o amavam loucamente.
Conversávamos muito.Ele me falou sobre como meu pai e outros dons tentavam divulgar e moralizar o sadomasoquismo na Europa.

O império havia sido criado ainda no século XII,organizando a prática e os adeptos.

Na época da "santa inquisição" teve que criar masmorras escondidas,para os associados não serem presos e "torturados"!Irônico!
Início dos anos 60.

Eu arrumava a sala de Malevolon,quando notei sobre a sua mesa uma folha de papel onde haviam cálculos astronômicos,um pentagrama, e o meu nome;Kabaulth.
Certa tarde ele me deu uma ordem;

-Quero que pegue aquela roupa que mandei você limpar ontem,e que a leve ate o salão do conselho,agora!
Fui ao quarto dele e peguei as roupas de couro e o par de botas,e as levei ate o salão do conselho.
Quando la cheguei,os guardas  abriram as portas,deixando-me entrar.

Para a minha surpresa,toda a masmorra estava la reunida,e Malevolon estava no alto do altar,ao lado do mestre.

Fui andando devagar sem entender nada,enquanto vassalos tocavam trombetas.

Vi domme Luzia,ela tinha lágrimas nos olhos.

Eu não sabia,mas era a minha nomeação!

Malevolon desceu os degraus e colocou-se ao meu lado.O mestre pô-se de pé e leu as diretrizes do império.
Troquei de roupa,colocando aquelas que havia limpado no dia anterior,e voltei para junto de Malevolon.
-Qual o nome escolhido nobre lorde?- perguntou o mestre -
-É "Kabalta",meu mestre!


"Kabalta"?Mas não era Kabaulth?


-Nesse momento,diante dessa comunidade,eu lhe concedo o título de "Dom",e seras conhecido e respeitado por vossos irmão como;Dom Kabalta!
Malevolon se valeu da numerologia para fazer a modificação em meu nome.
Houve festa com comida e bebida. Domme Luzia estava orgulhosa.
Mais alguns anos e aquele pais começou a passar por uma nova faze politica!
Algo a ver com contra golpe militar,combate ao comunismo .
Eu não entendia essas coisas .

Eu trabalhava com Malevolon agora,dividindo as responsabilidades do nicho.

A cada seis meses o império mandava uma leva de escravas.
Todos os dons,lordes e dommes faziam um corredor humano para recebê-las.

Elas entravam em fila,semi nuas,amordaçadas,uma amarração que saia do pescoço da escrava da frente,amarrava as mãos ás costas,subia,passava pelo pescoço da escrava de traz,amarrava as mãos,e assim ia,uma a uma.

Havia uma corda que passava pela cintura de cada uma delas,deixando-as interligadas.

Elas usavam uma bota ate o joelho,com um salto que as fazia ficar nas pontas dos pés!

Era difícil manter o equilíbrio,por isso,quando uma caia,derrubava várias junto!

Não sei se era verdade,mas,diziam que haviam deformações nas solas dessas botas,que feriam os pés das escravas conforme pisavam!
A recepção era calorosa!Xingos,cuspidas,escarros,puxões de cabelo,empurrões.

As dommes gritavam;

-"Vagabunda!(cuspida)"
-"Cadela!!Vai ver o que faço com esse seu cabelo!!"
-"Você é minha!!Você é minha!!"- berravam os dons,apontando o dedo na cara das pobres coitadas-

No meio dessa "festa",alguém me deu um empurrão,quase me fazendo cair sobre as escravas,dizendo;
-Vamos Kabalta!Ânimo rapaz!!

Era lorde Albanun!Alguns anos mais tarde ele sofreria um acidente que o faria perder um olho e parte do couro cabeludo!

Dai por diante ele ficaria careca,usando um olho de vidro.
Em uma das levas de escravas,vieram duas que me chamaram a atenção.

Uma pertencia a lorde Higor,era uma ruivinha de olhos verdes que vivia amordaçada,pois,quando estava sem mordaça,não parava de falar com sua voz irritante.

A outra pertencia a dom Marco,uma jovem de pele clara,cabelos escuros,lindos olhos azuis,que estava sempre séria.

Os "entregadores"do império eram homens fortes,tórax desnudo,usavam uma saia ate os joelhos e botas.

Portavam chicotes,e davam com vontade quando uma escrava caia e derrubava as outras!

Em hipótese alguma nós podíamos interferir no trabalho deles!!
Eu odiava assistir á aquilo!

Malevolon dizia que o arrependimento é o primeiro ingrediente para o sadomasoquista sentir prazer!
Arrependimento precede a dor que precede o prazer!Por isso nós as recebíamos daquela forma...
Tudo corria normalmente,ate o dia em que Malevolon me fez aquela proposta...
-Inferno senhor?Viajar para o inferno?Como assim?

-Olhe Kabalta...a anos eu venho estudando e desenvolvendo uma técnica de bruxaria que abre um portal para o inferno!
-Para que isso senhor?
-Veja isso!
Malevolon me mostrou um pedaço de pergaminho,muito antigo,que pertencera á era medieval.

-Vê isso?Esse resto de pergaminho mostra um desenho feito por um dominador da idade média,que fez tal viagem!

Havia ali alguns escritos em latim,e o desenho de um homem amarrado a uma roda,ou coisa parecida.Não era possível ver tudo pois estava faltando um pedaço.
-E dai?- perguntei -
-Eu preciso de você nessa viagem...veja...eu não posso abrir o portal e ir pessoalmente la,pois ele se fecharia atras de mim.

-Se eu deixar aqui alguém que não saiba conduzir a cerimônia,criaturas horríveis podem atravessar o portal para esta dimensão!
-E o que eu faria la senhor?
-Enquanto eu cuido do portal,você iria para o inferno,assistir aos castigos e suplícios,e na volta me relataria tudo,para passarmos para o império.
Fiquei pensativo...

-Kabalta - continuou ele- eu estou para ser consagrado grã-mestre conselheiro do império!
-Me ajude com isso e iremos os dois para o império,eu como grã-mestre,você como lorde imperial!
-E se sair algo errado,senhor?

-Não vai sair nada errado!Confie em mim!
-E domme Luzia senhor?

-Nem ela nem ninguém deve saber disso!É segredo imperial!!

Pensei por alguns minutos,e acabei concordando.

-Eu confio no senhor!Faço a viagem para o inferno!
Loucura!Como seria fazer uma viagem para um lugar que eu nem sabia se existia?

Malevolon calculou o dia para a "viagem" baseando-se em posições astronômicas.

No dia escolhido,ele mandou as escravas para outro nicho.

Ao cair da noite começamos os preparativos.Ele usava um manto negro com antigas inscrições,e colocou uma máscara ritual.

Ele pintou o meu rosto de branco e fez círculos negros nos olhos.Disse que aquilo era para mim ser reconhecido pelo "anfitrião" do lugar.

Perto da meia noite ele começou o ritual.Eu me deitei em uma mesa de pedra,usando apenas um lençol amarrado na cintura.

-"Apenas o seu espirito ira para lá".- disse ele - Seu corpo ficará aqui!

Eu me deitei sobre a mesa fria,fechei os olhos e tentei relaxar.

Malevolon colocou-se ao lado da mesa,levantou os braços e começou a recitar uma oração em latim.

Sua voz saia abafada por causa da máscara.Sobre mim,começou a se formar algo parecido com um círculo cinza,que aos poucos foi aumentando de tamanho,girando,e começando a soltar relâmpagos e raios multi coloridos.

Um vento espectral tomou conta do nicho,tornando quase inaudível a voz de Malevolon.

Senti meu corpo estremecer,e quando dei por mim,estava flutuando sobre a mesa,na verdade,eu estava a uns dois metros sobre o tampo dela!

Fui perdendo os sentidos,tomado por um torpor,que me levou para outra dimensão.

Nesse momento,uma domme passava perto do nicho trazendo um escravo pela coleira.
Ela viu os clarões dos relâmpagos e ficou assustada.Tirou a coleira do escravo dizendo;

-Vá!Corra ate o nicho de domme Luzia e chame-a aqui!Vá,vá!!
O escravo saiu em disparada,enquanto a domme continuou observando perto do nicho.

Eu rodava no ar,vi o céu estrelado,o espaço,o oceano.

Vi montanhas,prédios,pessoas,guerras,ate que tudo começou a ficar escuro como a noite,e um calor enorme tomar conta do meu corpo.

Tive a sensação de estar caindo,mas quando pensei receber um impacto com o solo,fiquei de pé.

Era um céu negro,sem estrelas ou lua.As cores que predominavam era o preto,o marrom e o cinza escuro.
Não havia chamas,não havia brasas,apenas vales e montanhas que se perdiam de vista.
O único som que se ouvia era o som de um vento,semelhante ao vento do deserto.
Malevolon havia falado sobre um "anfitrião".
Estranho!Estaria mesmo no inferno?E todas as almas que deveriam estar sofrendo ali?
Na verdade não havia viva alma ali!Nem viva,nem morta!

Fiquei imaginando a aparência desse "anfitrião".Imaginei mil demônios diferentes me preparando para tal encontro!
Andei sem rumo por alguns minutos,tomando cuidado onde pisava.
Tomei a decisão de chamar por alguém,gritando "Alo,tem alguém ai?"
Minha voz ecoava pelos vales sem obter resposta.
De repente,ouvi aquela voz vinda de traz;
-Como "tem alguém ai"?É claro que tem alguém ai!!
Fiquei com medo de me virar!Que aberração,que forma horrorosa me esperava la?

-Poderia ser mais educado e virar-se para mim?Você deve ser o enviado!

Tomei coragem e me virei!Que surpresa!!
No lugar de uma figura bestial,estava um jovem vestindo uma longa túnica branca,apoiando-se em um tipo de bengala.

Mais ainda!Ele era dotado de uma beleza,digamos,"angelical".
Fiquei pasmo,parado,olhando para ele...

-O que foi "moleque"?Parece que viu o diabo na frente?-disse,dando uma risadinha sem graça-
-Desculpe.- disse ,voltando á mim.-
-Meu nome é Hargabareu.-disse ele se aproximando com um sorriso no rosto-
Eu não sabia como proceder,por isso,fiquei parado como estava e apenas respondi;
-Sou Kabalta...Dom Kabalta...
-Óh!!Dom Kabalta!!-disse ele segurando a minha mão direita com as suas duas mãos,sacudindo-a alegremente-
A tal "bengala"que ele trazia permaneceu parada,erecta,no mesmo lugar.
-Óh!!Muito prazer Dom Kabalta!!Nós estamos felizes que esteja aqui !!
-Nós?Mas estamos apenas eu e o senhor aqui...

-Pois é!Nós!Eu e você!Você não esta feliz por estar aqui?Eu estou...
Não entendi nada...
-Ótimo!Já nos apresentamos,agora temos que andar pois há muito o que ver e você terá poucos dias para ficar aqui...
-Dias?Eu vou ficar dias aqui,senhor?

-Sim moleque!Bem,serão dias pelo tempo daqui,pelo seu tempo serão alguns minutos apenas!
-O seu mestre não tem força o suficiente para manter o portal aberto por muito tempo!

Começamos a andar,mas eu não conseguia parar de olhar para ele.
-Continua me olhando...há de errado comigo?
-Desculpe senhor,é que eu tinha uma imagem diferente dos demônios...
-Sei;chifres,asas,pés de bode,caras deformadas...não moleque,esses são "Gronzes",são apenas servos de pouca inteligência!
-Eu sou um demônio!Mas vocês mortais sempre irão dar esse nome aos Gronzes...
Continuamos andando.
-Na verdade ... o senhor parece muito mais com um anjo!-péssima ideia!!-

-Óh!!Óh!!Por que me ofende??
Uma fumaça esverdeada e luminosa começou a emanar do seu corpo,provocando um fedor igual aos gazes soltos por mil pessoas!
-Não me ofenda,por favor!Eu não ofendi você!-disse ele tossindo e abanando o ar em sua volta para dissipar a nuvem verde.

Eu também tossia e abanava.
-Esta bem moleque,eu desculpo você...

-Mas eu não me desculpei,senhor...
-Mas eu sei que iria...olhe,eu sou um demônio,não sou um anjo!
-Eu sou sincero no que falo!
-Como assim ,senhor?
-Bem,se você disser para um anjo que você esta "fodido",ele vai responder;
-"Óh!Resigne-se,encolha-se no seu canto!Aceite ,é o seu destino!"

-Mas,se você disser para mim que esta "fodido" eu vou responder;Ótimo,reze!Mas vá atras do que fodeu você,descubra a causa,lute para mudar isso,vença!

-Ninguém foi criado para viver fodido!!
Fiquei olhando para ele.

-Eu sou sincero naquilo que falo!- repetiu ele-
Continuamos andando.
-Aqui- começou ele de novo -você ira ver todo tipo de tortura,de suplício,de dor e de horrores!
-Esta tentando me assustar?

-Não moleque!Estou apenas sendo sincero...
Nisso,ouvi um som como uma pequena campainha,ou,um grilo que cantava de modo estranho.

Hargabareu meteu a mão onde eu imagino tivesse um bolso,e tirou de la um pequeno aparelho que cabia na palma da sua mão,levando-o ate o ouvido.
-Sim!Sim!Eu vou ver isso daqui a pouco,sim!
E voltou a guarda-lo no "bolso" novamente.
-O que é isso senhor?
-Ah!É uma maravilha da tecnologia que vamos passar para vocês...mas só irão usa-la daqui a uns 40 anos...
-Pensei que se comunica-sem por telepatia...
-Sim!Mas temos que testar tudo o que o nosso mestre inventa...
-Como o "rock",por exemplo...
-Rock senhor?O que é isso?
-De que mundo você vem moleque?
-Perdão senhor,mas fui criado em uma masmorra sadomasoquista desde os seis anos de idade e nunca sai de la...

-Bem,rock é um tipo de música que o nosso mestre criou para libertar vocês mortais da repressão e da hipocrisia,veja;
Ele fez um gesto com a mão.Um som distorcido e ensurdecedor me fez cair de joelhos tapando os ouvidos.
-Óh!Desculpe!Musica errada...essa vocês terão só daqui uns 30 anos...para a sua época é esta...
Ele moveu a mão novamente,e comecei a ouvir uma canção,tranquila e alegre.
-São quatro rapazes ingleses...estão fazendo um belo trabalho la...

-Por que libertar-nos da hipocrisia senhor?

-Todos vocês são iguais,com direitos iguais!E vão tentar priva-los disso!Faça o que quiseres pois é tudo da lei!

-Bem,eu disse isso a um latino que apareceu por aqui em sonho esses dias...mas me esqueci o nome dele...deixa pra la...vamos andando...
Andamos ate chegar diante a duas enormes colunas de pedra,onde havia uma cortina de fumaça.
Bem-disse Hargabareu-Aqui começa a festa...vá entrando na frente,eu vou ver algo e volto rápido!

Ele disse isso e desapareceu.
-Mas...eu vou entrar sozinho ai?-disse,olhando ao redor -
-Pronto!-disse ele reaparecendo-Vamos entrar!
-Foi rápido mesmo...
-Já disse,eu sou sincero no que falo...óh!Essa guarra do Vietnã esta cada vez pior...vocês mortais são muito cruéis uns com os outros...ainda bem que a maioria de vocês vai para o céu...
-Não é bom ir para o céu senhor?
-Vocês são obrigados a ir para o céu...para cá só vem quem quer...
Acabou-se a cortina de fumaça.Comecei a assistir a toda sorte de torturas,suplícios,sofrimentos,dor.
Empalações,esfolamentos,desmembramentos.
Pessoas que eram surradas com ferro em brasa,outras presas sobre camas repletas de enormes pregos.

Alguns Gronzes seguravam um homem pelos braços,enquanto um outro introduzia uma enorme peça incandescente em sua boca.

Uma mulher nua estava presa á um grande cilindro de pedra,tendo a sua frente mais dois grandes cilindros paralelos que giravam em alta velocidade e iam se aproximando dela.

Ela gritava e se contorcia tentando se soltar.Os dois cilindros tocavam o seu corpo,ao mesmo tempo que começavam a ficar empapados de sangue e pedaços de carne!
-Bem moleque- disse Hargabareu-Fique á vontade,olhe tudo por ai e tente guardar na memória,eu vou resolver umas coisas e te encontro daqui uns dias...

Fiquei vagando por aquele pesadelo,guardando cada uma daquelas torturas...
Enquanto isso,na masmorra,Malevolon continuava a recitar os versos em latim.
Domme Luzia chegou correndo,acompanhada do escravo de sua amiga.
-O que houve Helena?
-Bem,eu sempre vi esses clarões aqui...mas como Kabalta esta vivendo com ele,fiquei preocupada...

Luzia se aproximou da porta do nicho,e pode ver Malevolon com os braços erguidos,o redemoinho de vento e relâmpagos e o meu corpo suspenso no ar!
Apavorada,ela começou a gritar e tentando entrar no nicho,impedida pelo forte vento!
-Meu menino!Meu menino!!-gritava-
-Não Luzia!Não entre la!- interviu Helena-

-Vá chamar o mestre,vá chamar o mestre!-gritou Luzia -
Helena atendeu,e correu para o conselho acompanhada pelo escravo.

Luzia voltou-se novamente para a porta,protegendo os olhos do vento,segurando-se no batente
com a outra mão.
Ela gritava por Malevolon mandando-o parar,mas ele não podia ouvi-la!

Eu não tinha como calcular,mas já faziam dias que eu estava no inferno,vendo todo tipo de torturas.
Estava sentado em um monte de terra,olhando para o nada,desconsolado,cansado.
Os gritos de dor e de pavor não me incomodavam mais!Na verdade,eu quase não os ouvia mais.
Por mais que eu quisesse não conseguia entender aquilo.Prazer na dor!Prazer no sofrimento,na humilhação!
-Esta perdendo tempo precioso sentado aqui,moleque!
Disse Hargabareu aparecendo sentado ao meu lado.
Mantive o silêncio,lágrimas corriam em meu rosto.
-Óh!Esta chorando moleque?Por que?Por eles?
Hargabareu segurou meu rosto entre suas mãos.
-Não chore moleque!- disse ele,borrando a pintura dos meus olhos com os polegares,puxando um risco abaixo de cada olho.

-Sorria!-disse,passando os polegares sujos de tinta nos meus lábios,pintando-os de preto e desenhando um sorriso que saia dos cantos de minha boca.
Aquele desenho ficaria ali para sempre,desaparecendo apenas em algumas situações...

-Como pode alguém ter prazer nisso,senhor?
-Não tente entender a natureza de vocês mortais,ou ficarás louco moleque.
-Vá Dom Kabalta!Sua jornada não terminou ainda!
Eu me levantei,e como um morto vivo,sai andando novamente entre Gronzes,máquinas,pessoas torturadas e pedaços de corpos espalhados pelo chão...
Domme Luzia continuava tentando entrar no nicho,mas o vento tempestuoso não permitia.
Ela estava agarrada ao batente da porta,e gritava por Malevolon á plenos pulmões!
Impossível ele ouvir algo com o barulho do vento e dos trovões!
Domme Helena voltou,trazendo consigo o mestre e um conselheiro.
Luzia ao vê-lo,voltou-se jogando-se de joelhos á sua frente e implorando;

-Meu mestre,por favor,eu imploro,detenha Malevolon!Ele vai matar o meu menino!!
O mestre desviou de Luzia,deu alguns passos ate a porta protegendo os olhos com a mão.
Ele se afastou,voltando-se para Luzia.
-Não há nada que eu possa fazer Luzia!Sinto muito,temos que esperar isso tudo acabar!
Helena se abaixou ao lado de Luzia abraçando-a,tentando consolar seu choro.
O homem estava preso pelos pés e pelas mãos,por cordas que esticavam seus membros fazendo dele um grande "X"suspenso no ar.
Eu não sei que forças esticavam aquelas cordas,mas elas estavam bem esticadas!E continuavam puxando!
O homem gritava de dor e desespero,sacudindo a cabeça desesperadamente!
Nisso,Hargabareu aparece ao meu lado apoiado em sua bengala,atento á cena;
-Olhe moleque,olhe...agora é a melhor parte!Olhe,olhe,olhe!!!
As cordas se esticaram, de tal forma que terminaram por arrancar os braços e as pernas do pobre infeliz,fazendo com que o seu tronco,ainda "vivo",caisse no chão.

As cordas desapareceram,e os braços e as pernas caíram também.
-O mais engraçado agora - disse Hargabareu -é vê-lo rastejar ate juntar as partes novamente!

-Mas ele sempre acaba conseguindo!Bha!É o castigo preferido dele...
-A quanto tempo estou aqui,senhor?

-Bem,pelo nosso tempo,estará completando sete dias e sete noites...pelo seu tempo,uns quinze ou vinte minutos...
Voltei a olhar para o "tronco vivo "que rolava pelo chão em busca de seus membros.
-Quanto tempo terei que ficar aqui ainda,senhor?

-Não sei moleque.O tempo que o seu mestre conseguir manter o portal aberto.
Nisso,começamos a ouvir o som de um enorme sino,que ecoava pelos vales.
-Óh!Óh!Meu mestre esta vindo!Vamos,eu tenho que tirar você daqui,agora!
-Mestre?Que mestre?O senhor quer dizer,o diabo??
-E quem mais seria moleque?Papai Noel?Vamos,vamos,temos que sair daqui agora!!
-Mas...por que?Por que não posso ver o seu mestre?
-Ora!- disse Hargabareu me levando pelo braço -ele é o mais belo dos anjos caídos!Você ficaria apaixonado por ele,e eu acho que você não quer se apaixonar por um anjo caído!
-Eu não quero me apaixonar por um anjo caído,então,se nós não queremos nos apaixonar,vamos sair daqui!
Enquanto nos afastávamos eu voltei a cabeça,e só pude ver uma figura vestida de branco,um homem alto e esguio,que mesmo de longe,parecia ser muito belo.
Os gritos de um milhão de multidões invadiu os vales enquanto aquele "homem"passava entre os condenados,olhando de um lado para o outro.
Alguns que rastejavam esticavam o braço tentando tocá-lo.
Gronzes começaram a bater suas asas,e a fazer vôos rasantes e acrobáticos.
-Eu ainda não acredito que estou no inferno...

Quando olhei para Hargabareu,ele flutuava ao meu lado,com as pernas cruzadas,como que se sentado em uma poltrona invisível,lendo um jornal.
-O que é isso?-perguntei-
-Ah,isso chama-se jornal,vocês usam no seu mundo para saber as notícias...
-Eu sei que isso é um jornal,mas,o que você esta fazendo??
-??Lendo...ora!!
-Mas já li demais por hoje!-disse ele desaparecendo dali e reaparecendo ao meu lado,em pé,apoiado na bengala.
-Olhe moleque,aproveite,pois o seu mestre logo ,logo ira chamá-lo!
-Tem certeza?
-Eu não minto!Lembra?
Malevolon começou a sentir-se fraco,por isso,mudou as palavras em latim que estava recitando.
Eu mesmo comecei a ouvir a sua voz abafada pela máscara ritual.
-Eu não disse - começou Hargabareu -Esta na hora de você voltar moleque!

-O senhor foi muito gentil me mostrando tudo,obrigado.
-E você foi muito educado...alias,nunca ninguém me tratou por "senhor" aqui...
Hargabareu se aproximou de mim.
-Vou lhe dar um presente.
Ele pegou o meu rosto entre suas mãos,e com os polegares apertou os meus olhos,dizendo;

-Use apenas quando precisar...e se um dia precisar de mim,é só lembrar da minha imagem!
Ele soltou o meu rosto e me abraçou,beijando o meu rosto.
-Tenha uma boa viagem de volta,moleque.
Olhei bem nos olhos daquele belo e jovem rapaz.
-Obrigado,senhor.

Senti meu corpo levitar.As montanhas e os vales foram sumindo,dando lugar a um céu estrelado,ao espaço,aos oceanos.
O vento e os trovões foram diminuindo,podia-se ouvir agora a voz de Malevolon.

De repente,o circulo cinza sumiu,e o meu corpo caiu pesadamente sobre a mesa de pedra.

Malevolon deixou-se cair exausto ao lado dela.Eu gemi de dor e de frio!Uma dor dilacerante tomou conta do meu corpo,e eu me coloquei de lado,tremendo,em posição fetal.
Domme Luzia entrou correndo no nicho,seguida pelo mestre e domme Helena.

-Meu menino!Meu menino!-gritava-
Ela me abraçou chorando,e teve uma surpresa quando olhou para o meu rosto.
-Mas...o que é isso??-perguntou ela,esfregando os dedos em meu rosto -
-Por que isso não sai?Por que isso não sai??
-O que você fez com meu filho??- berrou ela para Malevolon que começava a se levantar-
-O que você fez com ele??-berrou novamente,esmurrando-o-
Inútil!Esmurrar Malevolon era o mesmo que socar uma parede!Ele não sentia e nem se dava conta.

Ele também passou os dedos em meu rosto,e fez uma expressão de espanto quando viu que a pintura não saia!
-Assim como o dominador medieval-disse ele-tu trouxestes uma marca também!

-Mestre!!-gritou luzia,suplicando por uma atitude do mestre-
-Malevolon,eu exijo que me explique o que houve aqui!!
-Senhor- disse Malevolon apoiando-se sobre um joelho diante do mestre-tudo o que foi feito aqui foi para honra do império!
-Kabalta nos trouxe informações preciosíssimas sobre torturas e suplícios que nem o nosso sagrado imperador tem ideia que existam!

-Foi isso mesmo?- perguntou o mestre -
-Sim meu mestre!E se não concluirmos o processo logo,ele ira se esquecer do que viu,e todo esse sacrifício terá sido em vão!!
-Pois bem...- começou o mestre,interrompido por Luzia-
-Mestre!!- protestou ela indignada-

-Luzia,se o que foi feito aqui,foi em benefício do império da dominação,então eu nada posso fazer!

-Malevolon,conclua!!
Malevolon se levantou,tomou lápis e papel e se aproximou de mim.
Eu ainda tremia.Ele exibiu o lápis e a folha de papel dizendo;

-Ouça Kabalta...preciso que você escreva tudo o que você viu la,entende?

Eu apenas fazia "sim"com a cabeça.

-O que você não conseguir descrever,tente desenhar,mas,coloque o máximo de informações aqui,certo?

Mais uma vez assenti com a cabeça,tomei o lápis e a folha,e apoiando-me na pedra comecei a escrever.

Escrevi e desenhei tudo o que pude me lembrar sobre os horrores que vivenciei.

Aos poucos fui me esquecendo de tudo...

A única coisa que não me esqueci,foi da figura de Hargabareu me dizendo que estava me dando um presente.

Na hora eu não entendi...só viria a entender dali á alguns dias...
Com as informações do inferno,Malevolon começou a escrever um tratado que misturava sadomasoquismo com bruxaria.
É claro que ele adequou várias práticas para o nosso mundo,senão,as escravas morreriam durante os castigos...
Malevolon não comia,não bebia,não dormia!Sua vida agora era terminar aquele tratado para levá-lo ate o imperador!
Passados alguns dias,eis que chega uma nova leva de escravas,e Malevolon me mandou para o "corredor" representar o nosso nicho.
A mesma coisa de sempre!Gritos,xingamentos,cuspidas,escarradas,puxões de cabelo...
Eu me mantinha apático,de braços cruzados.
Domme Luzia fez um sinal com as mãos,para que eu fizesse algo.Ela temia que alguém me delata-se e eu fosse punido.

Comecei então a fazer umas ameaças,com tamanho empenho que não assustariam nem uma criança...
-Vocês vão se ferrar...vocês vão sofrer muito aqui....acreditem...isso aqui é um verdadeiro inferno...
Eu já descrevi como as escravas eram amarradas umas ás outras,e o tipo de bota que usavam.
Pois bem!
Algum gaiato fez o favor de colocar o pé na frente de uma escrava,fazendo-a tropeçar e cair!Quando a pobre coitada caiu,levou quase uma dúzia junto com ela!
Começaram os gritos de "levanta cadela!!Levanta vagabunda!!"
Um entregador( que eu já descrevi também),se aproximou,e,gritando,começou a chicotealas!
Elas tentavam se levantar,mas os saltos dificultavam,e as mãos amarradas ás costas também!
Elas se contorciam,gemiam, se esfregando contra a parede de pedra,esfolando sua pele,se machucando!
Continuavam os gritos,o entregador chicoteando,elas gemendo sem conseguir se levantar!!
De repente,o tempo parou!
Com em câmera lenta eu podia ver as bocas gritando,os braços das dommes balançando no ar festejando a cena,o chicote do entregador que subia e descia,os movimentos das escravas,os olhos arregalados delas logo acima das mordaça que apertava o rosto!!
Eu só conseguia ouvir o meu coração batendo!
"Mamãe amarrada,apanhando"...
Gritos e xingamentos...
Soldados,fuzis...
Escravas com medo,o sangue delas na parede...
Papai e mamãe com os braços levantados...
O entregador chicoteando...
Papai esfregando o sapato na calça...
"Eles estão bem agora,eles estão bem agora,eles estão bem agora,eles estão bem agora..."
-Não!!!
Gritei saindo da formação e agarrando o entregador.
Eu o joguei para o lado,ficando sobre as escravas.
Domme Luzia entrou em pânico!Tocar em um entregador do império era crime punível ate com a morte!
Os gritos e xingamentos foram parando.
O entregador se levantou,ajeitando seu capacete na cabeça.
-Insolente!Miserável!!Como se atreves a tocar em mim??

-Elas estão se levantando!Não precisa bater nelas!

-Cão imundo!Pois bato nelas,e bato em ti também!!
Ele disse isso e começou a me chicotear,e a chicotear as escravas.
Eu tentava me defender com o braço,ao mesmo tempo que tentava defender as escravas!

Alguém havia corrido ate o nicho e avisado Malevolon sobre o que acontecia.
Ele largou tudo e saiu correndo com aquele tamanho todo.
O entregador continuava a nos bater!
Eu sentia a dor das chicotadas,e sentia a dor das escravas também!

Aos poucos a dor foi diminuindo!O som de mil tambores tomou conta de meus ouvidos,meu coração disparou!
No meio daquele turbilhão de dor e violência,me veio a mente a imagem de Hargabareu dizendo;
-"Use quando precisar..."
Senti uma dor horrível nos olhos,e um ódio inigualável no coração pelo entregador!!
Olhei para ele com os olhos negros como a noite e berrei;
-Vá para o infernooooooooooo!!!!
Ele largou o chicote levando as mãos ao pescoço,soltando um grito de horror e de dor que ecoou pelos corredores da masmorra!
Seria a primeira vez que o mestre iria ouvir aquele tipo de grito por la!
Seu corpo tremia e levitava do chão!
Sua pele foi desaparecendo,deixando á mostra músculos,tendões e ossos!Uma poça de sangue se formou sob ele!!

Malevolon chegava bem nesse momento!Ao ver aquilo,começou a gritar;
-Fechem os olhos!!Fechem os olhos!!Não olhem!!Não olhem!!
Um tremor tomou conta do corredor fazendo com que poeira e pedaços de pedra caíssem do teto!

O corpo do entregador explodiu,espalhando sangue e pedaços de carne pelo corredor!!

Mais dois entregadores chegaram,acompanhados pelo chefe da entrega!

-Matem o miserável!!-berrou ele apontando o chicote -
Os dois homens correram em minha direção cada qual com um punhal na mão!
Eu me coloquei de pé no meio do corredor!
Começava a ouvir agora aquilo que Hargabareu dissera que conheceríamos só daqui muitos anos!
Aquela musica distorcida fez o meu coração pular!
-Vocês querem dor??Pois eu vou dar dor para vocês!!

Assim como o primeiro,os corpos dos dois entregadores flutuaram no ar,soltando gritos de pavor e dor!Eles começaram a bater violentamente um contra o outro,começando a espalhar sangue e pedaços de carne por todos os lados!!

O chefe da entrega berrava;

-Tragam os cães!!Tragam os cães!!
Dois outros homens entraram trazendo quatro cães,grandes,negros e ferozes,que os arrastavam!

Eles gritaram;"Pega,mata,mata!!",e soltaram as correias que seguravam.
Os cães saíram em disparada na minha direção,latindo e babando!
Eu fiquei de cócoras,com os braços estendidos na direção deles,dizendo;

-Vem nenen,vem...
Quando me levantei,os quatro cães levitaram no ar soltando um grunhido,batendo com força contra o teto e explodindo,lançando ossos,sangue e pedaços de carne por todo canto!!
Os homens que os traziam saíram correndo!
Voltei a minha atenção para o chefe da entrega!

Malevolon se aproximou de mim gritando para eu parar!Com um único empurrão eu o lancei contra o teto,onde ele bateu e caiu desacordado!
Continuei andando na direção do chefe,que após tropeçar,se arrastava tentando se afastar de mim.

Nisso,ouvi o som de saltos que corriam,e alguém me abraçou por traz gritando;
-Não filho,pare,pare,por favor!!!
Reconheci a voz de domme Luzia!Ela gritava e chorava!
Senti o calor do seu abraço,senti a tristeza em sua voz!!

O som da musica e dos tambores foram diminuindo,ate que cessaram.

Comecei a voltar a mim...o chefe da entrega continuava no chão,paralisado de medo.
Olhei ao redor e vi aquele cenário de sangue e destruição,olhei para Luzia.
-Mãe?!
Ela chorava.
-Mãe?O que houve?
Ela apertou o abraço.
-Acabou meu menino...acabou...
-Quem fez isso mãe?
-Acabou meu menino...vem...vou leva-lo para o meu nicho...

Sempre fui um pouco mais alto que domme Luzia,mas agora,estava mais alto ainda.

Sentia meus pés apertados dentro da bota,e a manga da túnica ficava acima do pulso.
-O que houve comigo mãe?
-Não sei meu menino,não sei...vamos...
Os dons,dommes e escravas continuavam encolhidos com os olhos fechados.
Malevolon se levantava com a mão na cabeça.
Quando passamos ,ele notou que havia algo errado também.
Ele se levantou e veio atras de nos,segurando no meu ombro.
-Espere!-disse, me virando para ele-
Com as duas mãos ele rasgou minha túnica,deixando á mostra um tórax bem definido e trabalhado!

Ele havia notado também a diferença na minha altura!
-Mas o que é isso?-perguntou admirado-
Ele juntou os pedaços da túnica,escondendo o meu peito,e disse a Luzia;
-Leve-o para o nicho...estarei logo atras de vocês...
Luzia e eu saímos,eu,com andar lento,cambaleante.
Malevolon voltou-se para os demais,e com autoridade,disse;
-Nada do que ocorreu aqui devera ser relatado,de forma alguma,sob pena imperial,entenderam?!-Nada!!
-E isso inclui você também!!- disse,apontando para o chefe da entrega-
-Levem as escravas para a sala do conselho,e voces- disse para os dons e dommes-limpem essa sujeira toda!Eu não quero uma gota de sangue nesse corredor!!
E assim foi feito!
Mais tarde,estávamos de volta ao nicho.
Domme Luzia continuava ao meu lado,abraçada ao meu braço.
Malevolon estava de pé,apoiado na bancada,olhando para o seu material de trabalho,pensativo.

-Que tipo de poderes são esses?-perguntou ele sem mover um músculo -
Fiquei em silêncio.Ele se voltou para nós.
-Tens noção do que fizeste ali Kabalta?
-Matei pessoas,senhor...
-Não...você não apenas as matou,como mandou suas almas para o inferno...
-Não o fiz por que quis senhor...não tinha ideia do que estava acontecendo...a única coisa de que me lembro é do entregador batendo em mim e nas escravas...
Luzia encosta sua testa no meu ombro.
-O que eu não consigo entender-disse Malevolon-é por que você cresceu de tamanho?!Seu corpo sofreu uma mutação...você esta mais forte...
-Não sei explicar,senhor...
Aqueles poderes não só haviam causado uma mutação no meu físico,como tambem iriam retardar o meu envelhecimento.
-Que momento triste!-disse Malevolon-
-Por que,senhor?
-Você cometeu hoje duas faltas imperdoáveis!Você tocou em escravas que ainda não haviam sido consagradas ao conselho,e ousou tocar em um entregador imperial!
Abaixei a cabeça quieto.
-Com a primeira - continuou Malevolon -voce desonrou o nosso nicho...com a segunda,desonrou a sua masmorra!
Luzia acariciava as minhas costas em silêncio...
-Existem normas e regras que devem ser seguidas,entende Kabalta?Se essas regras e normas não forem seguidas,o império da dominação acabara por ser um mundo como o mundo das "pessoas comuns"!
-Sem honra,sem honestidade,sem respeito,sem organização!
Malevolon respirou fundo e suspirou.
-Só me resta fazer uma coisa Kabalta!
Olhei para ele com lágrimas nos olhos.
-Por ter desonrado sua masmorra,eu,como seu padrinho de consagração,o destituo do seu título de Dom!
Luzia me abraçou forte...
-E por ter desonrado o nosso nicho- continuou -eu vou bani-lo daqui!
Malevolon fez conforme mandava o protocolo do império,cruzou os braços e me deu as costas falando;
-Você esta expulso do meu nicho!Fora daqui,e só volte quando fores novamente um homem honrado!
Malevolon era um lorde imperial,um bruxo,mas,manteve-se de costas,para que eu não pudesse ver uma lágrima escorrendo pelo seu rosto.
Luzia fora ate o conselho e conseguira com o mestre autorização para que eu usa-se o antigo nicho de Von Helder.
Eu me instalei ali.Agora eu não era mais um "Dom".Não era considerado mais um "associado do império".
O que me mantinha na masmorra era o fato de ser filho de um lorde imperial e do sacrifício que eu fizera,indo para o inferno em benefício do império.
Ao menos isso eles reconheciam.
Fiquei ali,excluso,desprezado.
Pelo fato de não ser mais um dom,não pude assistir a duas nomeações.As duas escravas que havia mencionado receberam o título de domme.
A ruiva de olhos verdes levou o nome de 'Carolina".Ela passaria a usar uma máscara que lhe cobriria os olhos.Ela viria a ser cruel com seus escravos!
A outra,morena de olhos azuis,recebeu o nome de "Alezandra".

Tempos mais tarde os próprios dons a apelidariam de "A viúva negra".Devido ao seu poder de sedução e de dominação,vários de seus escravos viriam a tirar a própria vida quando ela os ignorava!

Tornei-me um revoltado !Assediava as escravas de outros dons,as levava para fora da masmorra,as amava,e as libertava,achando que estava fazendo algo de bom!

Realmente,eu ainda não entendia a natureza do sadomasoquista!Elas estavam felizes por estar ali,por serem humilhadas,por terem alguém comandando suas vidas,dando um sentido á isso!
Dos associados,os únicos que vinham no nicho falar comigo eram domme Luzia,e um dom novo que havia aparecido por ali que se chamava Helias.
Era um bom rapaz!Vivia me pedindo materiais emprestados,e me fazendo perguntas.
Estava se especializando em nós,e dizia que ainda seria chamado de "mestre imperial dos nós"!

Minha fama de insubordinado e subversivo e o medo das pessoas aos meus poderes infernais aumentava a cada dia!
Eu não fazia ideia,mas a minha vida iria mudar mais uma vez...

Certa tarde estava em meu nicho trabalhando uma das poucas escravas que o conselho ainda me mandava,quando ouvi o barulho de passos que corriam no corredor.
Sai para ver o que era,e só consegui ver o pessoal da enfermaria fazendo a curva em outro corredor.
Sai enrolando um pedaço de corda,e fui ate a porta do nicho de Helias.
-O que houve?-perguntei -
-Não sei!-respondeu ele-mas empurravam um carrinho,e o medico estava junto!
Carrinho?Medico?Era algo grave!Resolvi ir ver de perto!
O corredor onde eles haviam entrado levavam para os nichos do norte!Ali entre outros nichos haviam os de domme Luzia e de lorde Malevolon...
Fiquei mais tranquilo quando vi domme Luzia conversando com outro dom na porta de seu nicho.
-O que houve mãe?Quem esta doente?
-Não sei direito,mas parece que entraram no nicho de Malevolon.

Soltei o rolo de corda no chão,e comecei a andar na direção do nicho dele.
-Onde você vai Kabalta?-disse Luzia vindo atraz de mim e me segurando pelo braço-
-Vou ate o nicho dele!
-Sabe que esta proibido de entrar la!

-Não obedeço proibições,mãe...

Disse isso e continuei andando.

Luzia foi atras de mim.Chegando na porta do nicho ela parou.Não se atreveria a entrar la sem autorização de Malevolon.


Eu entrei.Passei pela sala do castigo,pelas jaulas com as escravas,e quando ia entrando no corredor que levava aos quartos,quase fui atropelado por dois enfermeiros que saiam correndo.

Continuei pelo corredor ate chegar ao quarto de Malevolon. Deparei com uma cena estranha!


O medico e uma enfermeira estavam ao lado da cama.Ele estava deitado,com o peito desnudo.


Alguns eletrodos estavam presos no seu peito com esparadrapo,e uma máscara de ar estava colocada em seu rosto.


Sobre um carrinho havia um pequeno monitor que marcava as batidas do seu coração,e um desfibrilador também.


Eu me aproximei devagar da cama.


Malevolon olhou para mim,e falou sob a máscara de oxigênio;


-Teimoso...atrevido...


Sim!Teimoso e atrevido!


Eu me sentei ao seu lado na cama e segurei na sua enorme mão,esperando um gesto de repúdio!


Ao contrário disso,ele colocou sua outra mão sobre a minha.


-Você-começou ele-nunca me disse por que resolveu sentar comigo naquele dia...por que?


-Por que eu não achava justo o senhor ficar sozinho,isolado dos outros,enquanto nós comíamos e bebíamos alegres naquela mesa enorme!


-Pensavas então que eu estava la sozinho por ser discriminado,e não por ter um título imperial?


-Perdão meu senhor,mas eu nunca entendi muito sobre títulos...


Os olhos de Malevolon brilharam,e uma lágrima escorreu pelo canto do seu olho.Ele levou a mão á máscara de oxigênio para tirá-la,mas o medico interviu;


-Meu lorde,por favor,o senhor precisa dessa máscara para respirar,por favor meu lorde...


Ele afastou a mão do medico,e puxou a máscara arrebentando o elástico que a segurava.


-A única máscara da qual preciso agora é a minha,Kabalta,pegue-a para mim!


Disse,apontando para uma cômoda na parede.Fui ate la e a peguei,colocando-a em sua mão.


Ele a colocou sobre o rosto,deixando as tiras de couro soltas.


-Voce é um homem honrado!-disse com voz abafada pela máscara-


-Mas tera que sentir muita dor para entender tudo isso.Depois que sentir muita dor,você voltara aqui,e honrara esse nicho novamente!


Malevolon arrancou o broche imperial colocando-o na minha mão.


-Terei muita honra em voltar a servi-lo,senhor!


-Eu estarei sempre por aqui...


Ao terminar de dizer isso,ele soltou um gemido,e o munitor emitiu um bip contínuo!


O medico me empurrou,dando ordens á enfermeira;


-Aplique uma doze,rápido!Desfibrilador,meia força,no três!!


-Um,dois,três!!!


Um som de choque se fez ouvir!O corpo de Malevolon se curvava para cima e caia pesadamente sobre a cama.


-Mais uma vez,aumente a força,no três!


-Um,dois,três!!


Após cada tentativa de reanimá-lo,com as contorções do corpo,a máscara foi escorregando para fora do seu rosto,deixando á mostra os seus olhos fitando o nada!


O monitor continuava com o bip contínuo,fazendo um único e reto traço.


O medico olhou para mim desconsolado.


-Sinto muito meu dom,mas ele se foi...


Eu apertava o broche do império na mão.Sentia suas pontas perfurarem minha pele.


Sai do quarto e fui para a sala das jaulas.Peguei a chave da jaula sobre a bancada e abri a porta,mandando as escravas saírem.


Elas ficaram paradas na minha frente com cara de assustadas.


-Tirem as mordaças!-ordenei-


Cada qual tirou a sua mordaça.


-Agora,vão se despedir do seu dono...ele se foi...


Elas correram para o quarto,e em segundos,gritos de desespero e choro invadiram o lugar.


O medico gritava para que alguém tirasse as escravas dela.


Eu fui ate domme Luzia.


-O que você fez menino?-perguntou ela-


-Soltei as escravas!


-Com ordem de quem?-perguntou indignada-


-Não preciso da ordem de ninguém mãe.


-Mas...e Malevolon?


-Ele esta bem agora...-respondi exibindo o broche do império -


Luzia levou a mão á boca,incrédula.


Eu voltei para o quarto,mandei um servo levar as escravas para o conselho,e recolhi a máscara e os arames farpados que Malevolon estava usando enrolados no braço.


Não fui o dom oficial para acompanhar a retirada do seu corpo pelos funcionários funerais,mas mesmo assim,estava la,junto com o outro dom.


Havia perdido o meu "terceiro pai",e em breve,perderia a minha "segunda mãe"!


Domme Luzia fora consagrada duquesa,e seria transferida para trabalhar no império.


Mais tarde viria a ser "rainha imperial".


Eu estava no salão do conselho diante dos tronos, apoiado sobre um joelho,com os braços estendidos para frente.


Eu entregava ao mestre a máscara e os arames farpados de Malevolon.


Ele ordenou a um servo chamado Eleazar,que havia aparecido por ali,para que as coloca-se na bancada do conselho.


-Que fiquem ali ate que alguém seja consagrado e tenha direito de usá-las!-disse ele-


Eu me levantei,e sem prestar nenhuma reverência,dei meia volta e comecei a andar com passos firmes em direção á saída.


-Kabalta...- chamou o mestre-


Eu me detive,sem me voltar,esperando para ver o que ele iria falar.


O mestre olhou para os conselheiros,eles menearam a cabeça lentamente dizendo "não".


Ele levantou a ponta de seu manto com a mão e subiu os sete degraus para o trono,sentando-se silenciosamente.


Eu recomecei a andar com passos firmes.Os guardas ouviram a minha aproximação e abriram a porta para mim.


Eu sai,e eles a fecharam atras de mim,fazendo um barulho que ecoou pelo salão.