domingo, 3 de junho de 2018

MARGARETHE

AsAs pesadas botas pisaram a poça dágua sob a chuva que caia .
O clarão do relâmpago iluminou as frestas da porta que jazia fechada a anos .
Houve um renhido .
A poeira boiando no ar mostrou-se ante a luz que entrava pela porta  que começava a ser aberta .
Um trovão rompeu ao longe.
A água da chuva escorria pela capa preta que afastava a pesada porta .
A débil luz de uma lanterna invadiu o local .
Uma mesa abandonada,teias de aranha ,escuridão.
A chuva aumentava la fora.
Relâmpagos e trovões juntavam-se a noite .
Passos cautelosos avançavam para a porta que dava acesso ao submundo .
Não havia mais ninguém cuidando da porta .
Tudo estava vazio  !
Tudo estava abandonado !
A luz da lanterna iluminou o corredor central que levava a sala do conselho .
As pesadas portas de carvalho estavam entreabertas .
A escuridão tomava conta do lugar também.
A água da chuva caia por onde antes haviam os vitrais coloridos no teto .
A cúpula de vidro que formava o símbolo do império estava toda quebrada e não restava mais nada além de cacos  coloridos nas bordas .
O piso estava tomado por um tipo de lodo formado pela sujeira do tempo e pela água das chuvas que entravam pelo teto.
Os tronos dos mestres e dos guardiões estavam vazios ,não havia mais ninguém la !
Andando pelos corredores da masmorra eu via apenas as aranhas caranguejeiras que antes abitavam o nicho de lorde Malevolom e que agora haviam proliferado no local.
Elas garantiam livrar o lugar de outras pragas;ratos,baratas e insetos diversos .
O cheiro de umidade e mofo infestavam o local .
Andei pelos corredores iluminando a entrada de cada nicho ,lembrando de cada amigo dominador que havia vivido ali .
Chegando a porta do meu antigo nicho ,resolvi escalar a parede e ficar sobre ela,admirando a vista da masmorra abandonada .
Coloquei-me de cócoras sobre a parede e comecei a correr a luz da lanterna pelo local .
Estava perdido em meus pensamentos quando uma voz de mulher chamou-me a atenção :
" - O que fazes aqui ?"
Olhei assustado para aquela que me interpelava .
Assim como eu,aquela figura feminina de corpo esguio trazendo arco e flecha na costas estava como eu,empoleirada de cócoras no alto da parede .
- Quem é tu? - perguntei -
- Margarethe . - respondeu a mulher -
Joguei a luz da lanterna sobre ela e reconheci de pronto a imagem de uma das escravas que faziam parte do lugar .
- Conheço você - comecei - Você pertencia a quem ?
- Eu não tinha um dono meu senhor- disse ela-,eu era escrava do conselho .
- O que faz aqui Margarethe ?- perguntei -
- Minha obrigação é cuidar do lugar e esperar pela volta dos mestres e dos Dons .
- Quem lhe deu essa ordem ?- perguntei -
- O mestre superior me ordenou que guarda-se o lugar ate que volta-sem .
Houve um trovão e a luz azulada de um relâmpago .
- Sabes quem sou ? - perguntei -
- Sei !- respondeu ela- O senhor é Dom kabalta,o Dom maldito,o Dom herege .Conheço o senhor .
- Pois então - comecei - Você pode ir embora Margarethe !Não há mais nada aqui !Ninguém ira voltar !
Observei que o rosto dela estava repleto de gotas dágua que escorriam pela pele e que seu cabelo estava escolhido,molhado .
A quanto tempo aquela guerreira estava ali,guardando a masmorra a espera da volta dos mestres e dos dominadores ?
- Margarethe . - disse eu -
- Sim,meu senhor ?- respondeu ela -
- O império não existe mais !

- Como assim ,senhor?
- O império não existe mais Margarethe ...o império acabou...não há mais mestres...não há mais Dons...não há mais Dommes...
Um novo trovão,um novo clarão de relâmpago .
Margarethe movimentou-se sobre a parede .
Ela olhou para os lados,um olhar perdido de desânimo .
Outro clarão de relâmpago ilumina o local .
- E o senhor?- perguntou ela- o que faz aqui ?
- Vim atras de fantasmas - respondi - 
- Minhas escravas não existem mais...algumas morreram,outras se foram pelo mundo ...o império da dominação se foi...
- E o que sera de mim ? - perguntou ela -
- Vem comigo ! - disse eu estendendo a mão -
- Não sou digna de pegar na mão de Dom Kabalta ! - disse ela -
- Você era uma escrava do conselho - respondi -,você sempre foi digna !
Margarethe volta a olhar ao redor e me pergunta :
- Não podemos reconstruir ?
A chuva aumentava la fora .
Mesmo com o passado arranhando as paredes com suas unhas eu respondo:
- Não há o que reconstruir aqui...o império acabou !
- Vem ! - disse eu oferecendo a mão -
Ela se aproximou e pegou em minha mão .
Descemos juntos da parede .
Notei que ela estava toda encharcada .
Tirei meu casaco e joguei sobre os ombros dela .
Peguei em sua mão e começamos a andar em direção a saída .
As aranhas que infestavam o lugar observavam a nossa movimentação e a luz da lanterna ia diminuindo a medida que subíamos o corredor ...





domingo, 27 de março de 2016

A mascara de Lorde Malevolon - O reinicio.




"ESTE CONTO É DEDICADO A TODAS AS ESCRAVAS E SUBS,QUE SE DEDICAM,AMAM E QUE DÃO A PRÓPRIA VIDA PELOS SEUS DONOS E SENHORES..."










Mais uma vez eu voltava do" mundo de fora".


Mais uma escrava liberta,mais uma noite de prazer,mais uma vez,a sensação de dever cumprido!


Caminhava pelos corredores da masmorra,quando,senti o aroma de um perfume conhecido.


Apurei o meu olfato,cheirando o ar em minha volta.


-Alezandra!


Olhei ao redor,tentando encontra-la.


-Sei que esta por aqui Alezandra,saia!


Ela saiu de um corredor escuro á minha direita.


Trazia um escravo semi nu na coleira,que andava de quatro ao seu lado,como se fosse um cão.


-Ola Kabalta...retornando de mais uma missão libertaria?


-Poupe-me de sua ironia...sim minha cara,volto de uma escrava livre!


Ela sorrio,enquanto acariciava a cabeça do escravo.


-Sabe Kabalta,eu acho que você deveria fazer uma visita ao nicho de nosso irmão ,Dom Helias.


-Por que eu iria ao nicho dele?


-Bem,eu sei que,como és um rebelde,com certeza não ira,mas,se eu fosse você,eu iria...


-Por que?Insisto!


Ela sorrio de novo.


-Veja por você mesmo...


Disse isso,e falou -Vem!- sendo acompanhada pelo escravo.


Fiquei ali parado,por alguns instantes,pensando no que ela havia me dito.


Com certeza,mais uma armação do conselho,para me dobrar!


Talvez uma armadilha,talvez eu encontra-se ali,uma duzia de Dommes,com seus chicotes,me esperando para me dar uma surra,ou seja la o que fosse.


Relutei,mas,por fim,fui ate o nicho de Dom Helias.


Helias era um dos poucos Dons que ainda mantinham a amizade comigo.


Não por que eu não tivesse libertado algumas de suas escravas,mas,por que ele era um bom sujeito mesmo.


Eu me aproximei da porta principal do nicho.


De imediato eu pude vê-lo,de pé,braços cruzados,admirando a sua performance com algumas escravas.


A porta estava aberta,mas,mesmo assim,eu bati antes de entrar.


-Ora vejam- começou ele-Kabalta!Que surpresa!


Apesar de sermos amigos,Helias ,como todos os outros,não me olhava nos olhos,com medo dos poderes infernais.


-O que o traz aqui,meu amigo rebelde?


Mantive-me em silêncio.Comecei a reconhecer no rosto das escravas,a face daquelas que um dia eu havia libertado.


Eram três mulheres,cada qual nua,cada qual amarrada de uma forma,sofrendo um castigo diferente!


Cada qual,uma antiga escrava de Helias.


-Ah!Já sei...você se pergunta,por que elas estão aqui,não?


Eu continuava em silêncio,olhando para os olhos delas.


-Olhe meu amigo-continuou Helias-existem pessoas que nasceram para a servidão!


-Não adianta se compadecer delas,não adianta querer liberta-las,elas nasceram para isso,elas sentem prazer nisso!A vida delas se baseia nisso!


O meu olhar expressava decepção,tristeza.


-Olhe Kabalta,estão servindo uma ceia no salão principal,eu vou comer algo,você me acompanha?


Silêncio...


-Uhmm,eu acho que não!Olha,me faça um favor ,sim?Não as desamarre!


-São nós chineses,deram um trabalhão para serem feitos...bem...eu vou comer algo,fique a vontade ai...


Helias saiu,me deixando sozinho com suas escravas.


Eu as olhava nos olhos,perguntando "por que?"


Elas me olhavam de volta,com os olhos arregalados,rosto apertado pelas mordaças de couro.


Castigos que agrediam seus pés,suas nádegas!


Dor!Dor,muita dor,por horas talvez!


Mas elas estavam ali,de volta,por que queriam!!


Uma lágrima correu pelo meu rosto.


Dei meia volta,sai do nicho,cabeça baixa.


Quando caminhava pelo corredor,ouvi aquela voz;


-Perdeu algo no chão Kabalta?Posso ajuda-lo a procurar?


Era Alezandra,com seu escravo a tiracolo.


Ela mantinha as pernas entreabertas,para que ele pudesse lamber a parte interna de suas coxas.


-Tu não aceitas o fato de que existem pessoas que nasceram para servir,e outras que nasceram para mandar?


Silêncio...


-O nosso sagrado dever kabalta,é proporcionar prazer para essas pessoas,por que elas o querem...


Eu a deixei ali,com o seu escravo,e sai andando pela masmorra.


Parei de fronte ao meu nicho.Fiquei olhando o meu material de trabalho.


Poucas vezes eu havia amarrado uma escrava ali.


Comecei a lembrar de todas as escravas que havia libertado ,e de seus donos,que agora ,surtiam um ódio por mim!


Mas,de que adiantava?Se elas depois,voltavam para a masmorra por conta própria?


Fiquei algum tempo ali,encostado no batente da porta,ate que tomei a decisão...


Os mestres superiores do conselho,assistiam a uma apresentação de músicos medievais,com performances de escravas,que dançavam,usando tochas e chicotes.


Eu entrei pela porta principal do salão mór,indo em direção a eles.


Com um gesto da mão do mestre superior,a musica parara.


Eu me detive a alguns passos da escadaria que levava aos tronos,enquanto o mestre superior ,me chamava a atenção;


-Como te atreves a vir aqui a sala do conselho,sem ser solicitado?


Eu me deixei cair de joelhos,e ,em seguida,de bruços ,com o rosto colado no chão.


O mestre superior se levantou,seguido pelo olhar espantado dos demais conselheiros.


-Não creio!!-disse ele-


-A caso,kabalta,terás vindo aqui,para espiar por tua faltas?


Silêncio...


O mestre superior suspendeu a ponta de seu manto negro,para poder descer os sete degraus ate onde eu estava.


Ele andou ao meu redor,olhava para mim,e olhava para os sete membros do conselho.


-Tu vieste aqui,para espiar pelas tuas faltas para com teus irmãos?


Silêncio!


-Teu silêncio consenti!


Ele bateu palmas duas vezes,onde com elas,três vassalos vieram correndo,se colocando de joelhos a sua frente.


Vão!Dizei a toda a comunidade que venha aqui,para presenciar a uma sessão de punição e restituição!


Os vassalos saíram,de cabeça baixa para cumprirem a sua missão.


-E tu,Kabalta,ficai ai,com o rosto postado no chão,ate que tudo esteja pronto!


Com a minha fama de subversivo e rebelde,os demais conselheiros acharam que eu fosse me levantar e sair da sala,mas,por mais uma vez,se espantaram,quando eu me mantive ali,deitado de bruços ,no chão.


Passaram algumas horas,ate que os primeiros representantes da comunidade começaram a chegar.


Dons,Dommes,lordes,rainhas,marqueses,cada qual com sua pompa.


Muitos trazendo escravos e escravas nas coleiras.


Alguns lordes,os mais velhos,traziam cães pastores em coleiras.


Aos poucos,o salão foi tomado por uma multidão,que se colocou de um lado e de outro,deixando um corredor central.


Mais uma hora,e estavam todos la,toda a comunidade,reunida,para a cerimônia.


O murmurio de vozes se calou,quando o mestre superior se levantou.


-Senhores e senhoras - começou ele-;estamos aqui hoje reunidos,para realizar uma sessão de punição e restituição de título!


-Hoje,aquele que é considerado o maldito,o rebelde,o renegado,Kabalta,sera punido perante essa comunidade por suas faltas,e terá restituído o seu título,conforme a lei!


Novo murmurio.


-Kabalta!Eu,como mestre superior da comunidade,te sentencio, a receber cem chibatadas,para se redimir de tuas faltas,para com os membros dessa comunidade!


Murmurio...


-Após a execução da sentença,terá o seu título restituído!


-Para a execução da sentença,eu convoco as Dommes,Alezandra e Carolina!


Novo murmurio na multidão.


Alezandra e Carolina se entreolham.


Sabiam o que tinham que fazer,e como fazer!


Pela ultima vez,me atrevi a enfrentar o conselho.


-Meu senhor!- comecei;


-Como te atreves,a dirigir a palavra para esse conselho?-disse o mestre superior-


-Por favor meu senhor,eu voz imploro,que me concedas um ultimo pedido!


-Tu não perdestes a tua infâmia,cão?


-Senhor,sabei que ainda desponho de meus poderes infernais,e que  se assim quiser,posso mandar a todos aqui para o inferno!


-Apenas voz peço,que me concedas esse pedido!


O mestre superior olhou para os conselheiros,que,com um sinal afirmativo da cabeça,concordaram.


-Falai então!


-Vós dissestes que eu deverei ser punido com cem chibatadas!


-Pois sim!-respondeu o mestre-


-Pois voz suplico senhor,que para cada duas chibatadas,seja contada apenas uma!


Novo murmurio na multidão.


-Silêncio!-ordenou o mestre-


-Queres me dizer kabalta,que queres ser punido com duzentas chibatadas?


Mantive-me em silêncio.


-Que assim seja!-disse o mestre-


-O que faz ele?- perguntou o lorde de um olho só-é louco?


-Esse conselho-começou o mestre superior-acata ao pedido do condenado,que sera punido,com duzentas chibatadas!


-Que seja levado ao madeiro!


Coloquei-me de joelhos para me levantar,mas,quando os vassalos se aproximaram para me levar,abri os braços e falei;


-Afastai-vos!


Eles olharam para o mestre,que ,com um sinal positivo da cabeça,os fez se afastarem.


Eu me levantei,e fui ate as traves de madeira que sustentavam grilhões.


-O que ele esta fazendo?-perguntou um Dom a Helias-


-De kabalta?Ah!Desse louco eu espero qualquer coisa...


Fui ate as traves de madeira,enrolei as correntes dos grilhões em meus pulsos,segurando com força as correntes.


Abri as pernas,as firmei,e abaixei a cabeça.


Todos os presentes não acreditavam no que estavam vendo.


-Senhor-disse um dos conselheiros ao mestre- Terá ele enlouquecido?


-Não!Dommes!Tomem suas posições!


Alezandra e Carolina se aproximaram!


Eu podia ouvir o som de seus saltos,passo a passo,podia ver o movimento de suas nádegas,de suas ancas,podia ver suas coxas,roçando umas contra as outras!


Um movimento leve,em câmera lenta.


Quase podia sentir o perfume de suas vaginas!


Elas se colocaram a uma distancia segura ,uma da outra.


-O mestre conselheiro fara a contagem das chibatadas!- disse o mestre superior-


Carolina mordia o lábio inferior,tentando conter as lágrimas.


-Contenha-se cadela,ou sera punida!-dizia baixinho Alezandra-


-Que seja iniciada a sentença,contando-se uma chibatada para cada duas!-disse o mestre superior-


Carolina começava a soluçar.


O mestre conselheiro deu a ordem;


-Dommes,preparem seus chicotes!


Alezandra e Carolina tiraram os chicotes da cintura.


Fizeram uma performance,rodando-os no ar,e estalando-os no chão.


-Que seja iniciada a sentença!-ordenou o mestre superior-


O mestre conselheiro olhou para Alezandra,fazendo um "sim" com a cabeça.


Ela girou o chicote no ar,soltou um grunhido,e deu a primeira chibatada,seguida por Carolina.


Duas chibatadas.


-Uma!-contou o mestre-


Mais duas chibatadas.


-Duas !


Eu recebia os impactos nas costas!


Ouvia o zunido dos chicotes no ar,e em seguida,o ardor das chibatadas nas costas!


-Seis!


Comecei a lembrar de cada escrava que libertei,cada mulher que amei,cada beijo,cada vagina sugada,cada banho,cada carinho!


-Onze!


Comecei a chorar!


Chorava de soluçar!Chorava por não ter sido compreendido!


-Dezoito!


Alezandra mantinha seus olhos azuis,fixos em minhas costas!


Não demonstrava nenhuma expressão de tristeza,mas,sentia cada chibatada em seu coração!


-Vinte e três!


Carolina sofria mais!Ela não continha as lágrimas em seu rosto!


-Vinte e sete!


Eu chorava!Chorava copiosamente!


Usei o meu poder de transformar dor em prazer!Mas,não contava com os resultados que isso iria trazer!


-Trinta e dois!


A minha túnica já estava em farrapos!


O sangue escorria pelas minhas costas,começando a fazer uma poça no chão!


-Trinta e sete!


Dor,tristeza,sofrimento!


Lágrimas cristalinas começavam a tomar um tom róseo.


Do róseo para o vermelho claro.


Do vermelho claro para ,para o vermelho!


Enfim,lágrimas de sangue corriam pelo meu rosto!


Pingavam no chão,aumentando a poça sob mim!


-Trinta e nove!


Alezandra e Carolina começavam a ficar exaustas!


Elas soltavam grunhidos,e davam um pulo de impulso,para desferir a chicotada seguinte!


Alezandra viu que a ponta do chicote estava empapada de sangue,e,propositalmente,girava o chicote no ar,para que gotas de sangue respingassem  pelo salão!


Os cães dos lordes sentiram o cheiro do sangue,e ficaram farejando o ar!


-Quarenta e três!


Eu sentia uma dor horrível nos olhos,mas não podia abri-los!


-Quarenta e sete!


Nada mais restava de minha túnica!


O sangue escorria pelas minhas costas,cobrindo minhas pernas,minhas botas,e fazendo uma enorme poça no chão!


-Cinquenta eu e uma!


Os Dons se entreolhavam!


O lorde de olho de vidro virou o rosto.


-Terei a honra de dividir o meu nicho com ele!-disse a alguém que estava perto-


-Cinquenta e cinco!


Alezandra mantinha o olhar fixo em minhas costas!


Carolina chorava,mordendo o lábio inferior!


-Cinquenta e nove!


Dor!Dor e prazer!Que mistério é esse que envolve o ser humano?


Por que elas voltavam?


Por que queriam ser humilhadas,usadas,pisadas?


-Sessenta e duas!


Acaso não haveria lugar para o amor nesse mundo?


-Sessenta e cinco!


Chibatadas,sangue,dor,tristeza!


Há um momento na vida,em que o mal e o bem se fundem!


-Setenta!!


Não havia mais dor!


Não havia mais tristeza!


-Setenta e seis!


O estalo dos chicotes,o calor nas costas,a dor,tudo gira,um redemoinho louco,a contagem...


-Oitenta!


Dor insuportável nos olhos!


-Oitenta e três!


Membros da comunidade já começavam a se entreolhar...


-Oitenta e sete!


Sangue,sangue escorrendo pelo chão!


Carne exposta,dilacerada!


-Oitenta e nove!


De repente,não consegui mais manter os olhos fechados!


Eu os abri,olhando para o chão a minha frente!


Um poder descomunal saiu deles,fazendo com que o chão racha-se,deixando sair fumaça e labaredas de fogo!


Um urro animalesco começou-se a ouvir!


Três Gronzes( demônios ) alados saíram do buraco!


Seres deformados,horríveis,malévolos,começaram a voar pelo salão,soltando urros apavorantes!


O mestre superior gritou para todos;


-Fechem os olhos!Não olhem para os demônios!Dommes,continuem com a sentença!!


-Noventa e três!


Os cães dos lordes começaram a latir,assustados!


-Carolina!-gritou Alezandra-Olhe para as costas dele,não olhe para os demônios!!


Cães latindo,demônios urrando,sangue,dor!!


Os demônios voavam pelo salão,urrando,procurando!


-Noventa e cinco!


De repente,uma escrava descuidada olha para um demônio!


O ser espectral faz um voo rasante,e a pega com suas garras,quase arrastando seu dono junto!!


Ele a leva ate o alto do teto do salão,e ,a penetra com o seu membro descomunal,dilacerando sua vagina e seu ânus!!


Ele soca,com força,rápido!!


A pobre coitada não tem como expressar sua dor e pavor devido a mordaça!


Só o seu olhar arregalado registra tamanho sofrimento!


Em instantes,uma gosma negra e fétida começa a sair pelos seus ouvidos,olhos e por traz da mordaça!


O demônio havia ejaculado dentro dela!


Ele solta então o corpo imóvel,deixando que se chocasse com o solo!


-Noventa e oito!


Eles continuaram voando em círculos,urrando.



O êxtase tomava conta de meu ser!


Dor,sofrimento,prazer!!


-Noventa e nove!!


O mal se funde com o bem!!


-Cem!!


Eu solto um urro de dor e prazer!!


Tive ao mesmo tempo,uma ejaculação que nunca antes havia tido!!


Os demônios urraram,começaram a voltar para o buraco no chão!


Um a um,foram entrando no buraco,seus urros foram diminuindo!


As rachaduras no chão foram se fechando,o fogo diminuindo!


Aos poucos,tudo desapareceu,como se nada houvesse acontecido!


A única prova da presença dos demônios que ficava,era o corpo da pobre escrava no chão!


Silêncio total no salão!


Alezandra e Carolina se mantinham,ofegantes,exaustas!


-Dommes,se afastem!-ordenou o mestre superior-


-Que o condenado se aproxime do conselho!-ordenou-


Eu soltei as correntes de minhas mãos,e comecei a andar na direção do conselho!


Para cada passo,uma pegada de sangue ficava no chão!


Chegando diante da escadaria,soltei meu corpo de joelhos,com os braços abertos,palmas das mãos á mostra,em um sinal de total submissão e humilhação!!


Rapidamente,uma poça de sangue começou a se formar sob mim!


-Tu-começou o mestre superior-foste punido pelos teus crimes contra essa comunidade!!


-Agora,refeito de teu mal,eu,restituo teu título de "DOM"!


-Seras conhecido,chamado e respeitado pelos teus irmãos,como,Dom Kabalta!


-Coloca-te de pé,e volta-te ,para seres reconhecido e aclamado por teus irmãos!


Eu me levantei,e me virei para a multidão.


Todos os Dons,Dommes,lordes,Duques,Rainhas e Senhores,apoiaram-se sobre um joelho de cabeça baixa com a mão direita no peito!


Meu corpo nada sentia!


-Volta-te!-ordenou o mestre superior-


-Este conselho vai presenteá-lo com um instrumento de trabalho!


-Ide a bancada do conselho,escolhei o que quiseres,para exercer tuas funções de Dom!


Olhei para o lado,para a bancada do conselho!


Me arrastei,deixando pegadas de sangue pelo caminho,ate chagar á bancada.


Cordas,mordaças,coleiras,chicotes,correntes,varas,palmatórias...


Tudo ali,a disposição!


No meio da bancada,pendurado na parede,em uma redoma de vidro,uma máscara,fios de arame farpado,e uma chave!


Me arrastei ate la.


Desferi um soco,que quebrou o vidro da redoma.


Carolina arriscou intervir,impedida por Alezandra.


-Quieta cadela!Quer ser punida?


Peguei a máscara,os arames e a chave.


Fiquei olhando para aquela máscara,lembrando de seu dono,Lorde Malevolon.


Ele tinha sido o mais cruel lorde de toda a masmorra,o mais respeitado,o mais temido!


Um Lorde imperial !


No salão da ceia,todos esperavam pela chance de ser escolhido,para sentarem á mesa junto com ele!


Eu era muito jovem!Mas já demonstrava rebeldia!


Um dia,peguei meu prato,e fui na direção da mesa dele.


Domme Luzia,que cuidava de mim,chamou-me a atenção,mas não lhe dei ouvidos!


Chegando a mesa,disse;


-Vossa senhoria me permite sentar á mesa junto a voz,para fazer minha refeição?


Expectativa no salão,para uma chicotada!


Lorde Malevolom se levantou,e disse;


-Fostes o único com coragem para se aproximar de mim!


-Sim!Senta-te meu jovem!Comei comigo!


Ele me ensinou muitas coisas.


Tornei-me seu pupilo!


Ele fez a maquiagem de meu rosto!
Ele me mandou para o inferno !


Mas,com o tempo,mostrei-me contrario á escravidão!


Foi o que me fez ser excluído por ele!


-Terás que sentir muita dor,ate que aprendas o que é certo!!


Estava ali agora,com a máscara dele nas mãos!


Voltei para frente do conselho,e exibi os ornamentos.


-Foi tua vontade!-disse o mestre superior-Que assim seja!!


Devagar,coloquei a máscara em meu rosto,e enrolei os arames farpados em meus braços.


Carolina chorava.


Fiquei de pé.


-Ide agora,Dom kabalta!Aguardai ate que esse conselho te envie escravas!


Eu me voltei,e comecei a passar entre a multidão,atônita,a cena que presenciava.


Andei pelos corredores da masmorra,subi as escadas que levavam ao nicho de lorde Malevolon.


Carolina e Alezandra me seguiam.


Eu ainda deixava marcas de sangue pelo chão.


Cheguei a uma porta de madeira escura e alta.


Quando fui colocar a chave para abrir,ouvi uma voz;


-Por favor meu senhor,eu voz imploro,não entrai ai!!


Era Carolina,que chorava...


-Não implorai por mim,mas sim,por ti!


Respondi,enfiando a chave e a rodando,para abrir a pesada porta.


Escuridão,mofo.


Usei o pouco poder que me restava para acender as tochas que ali haviam.


O nicho de lorde Malevolon!!


Uma bancada com cordas podres,mordaças,correntes,teias de aranha,mofo.


Um trono de ferro com rebites jazia sobre uma base de degraus!


Eu subi,me joguei sobre ele.


Aranhas grandes e peludas caminharam sobre mim.


Começava ali a minha nova vida!


Eu  agora novamente era Dom kabalta!


Restava esperar,pelas escravas,que o conselho iria me mandar!!
















domingo, 15 de setembro de 2013

" O Grilhão - Bar "



Atenção:
Essa é uma obra de ficção.
A semelhança com nomes e lugares sera mera coincidência,obrigado.


Eu poderia me considerar a submissa mais feliz do mundo!
Tinha um dono lindo,presente,que me amava,que cuidava de mim!
Levava uma vida maravilhosa,tanto no meio "baunilha"quanto no BDSM!
Estava prestes a comemorar meu quarto ano de coleira,quatro anos servindo fielmente e amando á Dom Edgard,meu dono e senhor!
Pois faltavam justamente trinta dias para comemorarmos a data,quando ele me chamou para um " café' e me disse:
- Lais ,estou tendo um relacionamento baunilha sério!
Fiquei gelada segurando a xícara de café expresso entre os dedos.
Mesmo sentada á frente de Dom Edgard eu o vi como se estivesse á uns cinqüenta metros de distancia de mim!
Como uma escrava fiel e obediente eu apenas respondi:
- Que bom meu senhor...fico feliz...
A partir daquele dia o meu coração começou a despedaçar!
Nosso contato passou a ser mais virtual que real,quase não marcávamos mais sessões e eu não conseguia falar com o meu dono pelo celular!
Um dia ele marcou mais um café...
- Lais...eu vou ficar noivo!
Agora eu via Dom Edgard a uns duzentos metros de distância!
Mais alguns meses se passaram,ate que ele me chamou para o "café fatídico"!
- Lais,eu vou me casar e me mudarei para a Europa!
Tentei segurar mas não consegui!
Meus lábios tremeram e as lágrimas escorreram pelo meu rosto.
Depois de quase cinco anos de total amor,servidão,entrega e lealdade,eu me atrevi a perguntar:
- Mas...e eu...senhor??
- A partir de agora você é uma mulher livre Lais!Eu não sou mais o seu dono!
Dom Edgard me disse aquilo com os seus olhos azul turquesa pregados em mim!
A pele bronzeada,os olhos azuis e a forma impecável como ele se vestia o tornavam uma figura única entre os pobres mortais !
Obvio que eu não fui convidada para o casamento.
Mas mesmo assim,em um sinal de protesto,eu fui a igreja,disfarçada.
Me sentei na última fileira e assisti ao casamento daquele que durante cinco anos havia sido o homem da minha vida!
Eu havia morrido para o BDSM!
Exclui meu perfil na rede social e terminei com todos os contatos por telefone que eu tinha,menos da minha melhor amiga,Elana!
Virei uma zumbi!
Casa,trabalho,faculdade,faculdade,casa,trabalho!
Confesso que cheguei a pensar em me matar,de tanta dor que eu sentia por ter perdido o meu dono!
Elana era a única pessoa com a qual eu conversava.
Ela me dava muita força e sempre me ajudava quando eu estava na pior!
Passaram-se dois anos.
Foram os anos mais escuros da minha vida...
Certo dia,Elana me liga:
- Lais amadinha,tudo bem?
- Estou viva...
- Que bom amiga!!Vou te fazer um convite,vamos nos encontrar hoje á noite no " Grilhões bar"...lembra onde é?
- Claro que me lembro...eu ia sempre la com Dom Edgard...
- Ótimo!!Vamos nos encontrar la então,ás vinte e uma horas,ok?
- Eu não sei amiga...acho que não vou...
- Lais,eu,o meu dono e Lorde Boris estaremos la!Nós vamos levar conosco Dom Zerios,ele esta sofrendo de depressão profunda,,,e além do mais,há alguém que quer conhecer você!
Fiquei pensativa.
- Não sei amiga...acho que não...
- Eu não aceito um não como resposta - disse Elana - pela nossa amizade,eu te encontro la as vinte e uma horas,ok?
O que eu tinha á perder?
Iria num lugar que gostava,ver pessoas amigas,relembrar os velhos tempos...aceitei!
- Tudo bem amiga...eu vou...
- Ótimo!Só tem uma coisinha meu amor - disse Elana -
- O que ? - perguntei -
- Bem - começou Elana - as coisas estão um pouco mudadas la no bar...as coisas mudaram um pouco nesses dois anos...
- Esta falando de que? - perguntei -
- Bem...você ouviu falar no livro,"50 tons de cinza"?
Não entendi o sentido da pergunta,mas respondi:
- Ouvi algo á respeito,por que?
- Então...pode ser que você ache as coisas diferentes la no bar...mas fique calma...não se preocupe...tenha paciência com as pessoas novas,nos encontraremos la,tudo bem?
- Tudo bem amiga.- respondi -
- Beijo...nos vemos la!
Elana disse isso e desligou.
Ir no Grilhão seria trazer á tona lembranças de Dom Edgard!
Perto do horário eu me arrumei,tomei um taxi e fui ate o local.
Logo na entrada eu notei uma diferença.
A faixada sóbria e escura dava lugar agora a um paredão violeta com um enorme nome em neon .
A recepcionista que antes era uma submissa usando mordaça de couro agora era uma garota de uns vinte anos com um chapéu ridículo mascando chiclete.
Eu entrei no salão.
Antes,luz negra,paredes escuras,archotes.
Som ambiente;Sister of  Mercy,Type O Negative,Abstract Rapture,Hirax entre outras bandas do gênero.
Agora eu me deparava com muita luz neon,paredes em rosa,violeta,laranja.
Eu nem sabia o que estava tocando ali...
Fui ate o balcão,imaginei que ali seria o melhor lugar para esperar Elana e o pessoal.
Eu via muitas garotas e garotos andando pelo local.
Sera que eu estava no lugar certo?Eles pareciam tão jovens!
Me acomodei em um banquinho junto ao balcão e fiquei observando o lugar á espera de ser atendida.
Passado alguns minutos alguém me chamou a atenção por traz do balcão.
- Pois não...o que vai querer?
Eu me voltei sobre o banco e me deparei com um barman sem camisa usando gravata borboleta e suspensórios.
Eu me lembrava dele...aquele barman anteriormente era um garçom do bar.
- Oi - respondi - Eu gostaria de beber algo.
- Posso oferecer o drink da casa?
- E o que é? - perguntei -
- " O sangue de sade"!- disse o rapaz -
- Nossa!O nome é forte!- respondi -
- E o drink também!- disse ele -
- Obrigada...prefiro uma soda com vodka,por favor.
O barman ficou olhando para mim.
- Algum problema? - perguntei -
- Eu me lembro de você - disse ele -,você vinha aqui com um dominador...Lord Edgard,se não me engando...
- " DOM Edgard" - respondi -
- Isso!
- Sim...ele era o meu dono...
- Seja bem vinda!Fico feliz em ver alguém da " antiga" aqui!
- Obrigada - respondi -,o que houve aqui?esta tão mudado!
- Bem- começou o barman -,depois que lançaram o livro " 50 tons de cinza",as coisas começaram a mudar.
Houve uma procura muito grande de pessoas curiosas sobre a pratica do BDSM...os antigos frequentadores se afastaram,procuraram por confrarias do meio...o antigo dono acabou vendendo e virou nisso...
Olhei novamente ao redor.
Aquilo parecia uma matiné de cinema!
- Mas eles são tão jovens!- disse -
- O dono atual não se incomoda com isso - disse o barman -,desde que eles consumam!
Nesse momento o meu celular toca.
- Alô?
- Lais querida,é Elana!
- Oi...eu já estou aqui no bar! - respondi -
- Que bom!estamos aqui na casa de Dom Zerios,estamos tentando convencê-lo a sair de casa...em breve estaremos ai!
Enquanto Elana falava eu podia ouvir ao fundo alguém que gritava:
- " Ahaaaaaaaaaaaa!!!Vida maldita!!!Eu não suporto isso!!!"
Era Dom Zerios tendo um de seus ataques de depressão...
- Tudo bem amiga - respondi - estou esperando por vocês...
Elana desligou.
Em seguida volta "Alan",o barman,trazendo um copo longo com a minha soda e vodka.
Ele colocou o copo sobre o balcão e em seguida se debruçou sobre o mesmo falando próximo á mim:
- Quer que eu coloque algo para tocar para você?
- Você também cuida do som? - perguntei -
- Pois é - respondeu ele - politica de contenção de custos do novo dono!
- Eu sou barman,ddj e faço as vezes de segurança também!
Eu sorri.
- Poderia colocar  " Skyline Pigeon"do Elton John?Era a música do meu dono!
- Com todo o prazer!- respondeu ele -Estou farto de ouvir "Beyonce,Lady gaga e Reestart"!
- Eu me lembro - começou Alan - quando chegavam os Dons e Lordes aqui,acompanhados de suas escravas e o mestre de cerimônias os anunciava e em seguida tocava a música de cada um deles...nada disso acontece mais...
- As coisas mudaram muito mesmo...- comentei -
- Por isso todos eles foram para as confrarias...- completou Alan -
Ele se retirou.
Em segundos a música que tocava parou e no lugar dela começava a tocar " Skyline Pigeon ".
 Não contive as lágrimas nos olhos enquanto lembrava de Dom Edgard!
Dei uma boa golada na soda com vodka e olhei as horas,eram 20:25h,
Me virei e me escorei no balcão.
Mil imagens passavam pela minha cabeça mescladas pela música ate que a minha " viagem" fora interrompida por alguém!
- Olá!
Eu me voltei para ver quem me cumprimentava,ao mesmo tempo em que a música acabava.
Eu olhei para traz e vi um jovem de dezoito ou vinte anos,jeans e camiseta,piercing no lábio inferior e um cabelo arrepiado por gel.
- Olá! - respondi -
- Meu nome é,"Super domineering master of the cruel world",e eu permito que você fale comigo!
Eu fiquei parada ali,olhando para aquele menino.
- Desculpe...eu não entendi...quem é você?
- "Super domineering master of the cruel world"!
Fiquei meio estática,olhando para aquele rapaz que tentava fazer pinta de dominador com os polegares enfiados nos bolsos dianteiros das calças...
- Isso é...o nome de algum jogo de vídeo game?- perguntei -
- Como se atreve???Vadia!!!Esse é o meu nome!!!
Respondeu o rapaz em tom de arrogância.
- Ah...que bom para você...
Eu disse isso e comecei a me voltar para o balcão.
- Eu disse que permito que você fale comigo!- insistiu o rapaz -
Eu me voltei para ele e respondi:
- Obrigada,mas eu não tenho nada para falar com o " senhor".
Disse isso e me voltei para o balcão.
- Sabe com quem esta falando vadia???Eu sou um mestre!!!
Um mestre??
Aquele moleque não deveria ter mais que vinte anos!!!
Um mestre??
Eu voltei a cabeça na direção dele e respondi:
- Eu não tenho nada para falar com o senhor,"mestre".
E olhei novamente para dentro do balcão.
Vi que Alan acompanhava o meu drama de longe,ele esboçou um leve sorriso.
- Pois saiba vadia,que eu sou especialista em spanking,facas,agulhas e shibaru!
" Facas"?
Eu nunca ouvi falar sobre dominadores usarem facas!
Olhei novamente para ele.
- Parabéns,senhor!
Voltei-me para o balcão.
- Como se atreve a não olhar para mim,sua puta???
Nisso o meu celular toca.
Eu atendo,é Elana.
- Alô,amorzinho??
- Oi amiga. - respondi -
- Olha...estamos chegando ai...o nosso amigo que quer te conhecer esta indo para ai também!
- Sera que podem vir logo?isso aqui esta se transformando em um pesadelo!
- Calma querida!Estamos chegando!
Ao fundo eu podia ouvir a voz de Dom Zerios gritando:
- Ahaaaaaaaaaa!!!Vida cruel!!Quem se lembra de mim???Quem se lembra de mim??Ninguém!!!
- Abre essa janela que eu vou me jogar!!!
- Ahaaaaaaaaaaaaaa!!!
Elana desliga.
- O sua puta vadia,estou falando com você!!
Insistiu o "Dom fashion".
- Alan! - gritei,em direção ao barman -
Alan se aproxima .
- Pois não?
- Sabe o drink da casa que você me ofereceu??
- Sim?! - respondeu ele -
- Me faz um duplo,por favor!
- Duplo?- perguntou ele -
- É!- respondi -Duplo!!
- Tudo bem!
Alan disse isso e se afastou.
- O sua puta,sua vadia,cadela,eu estou falando com você!!!
Berrou o pseudo mestre.
Eu me voltei para ele,o sangue fervia em minhas veias.
- Olhe aqui moleque,tenha mais respeito!!- berrei -
- Moleque???Como se atreve a me chamar de moleque???
- Eu posso punir você,eu posso castigar você!!!
- Eu sou um mestre!!!
Bufei e me voltei para o balcão!
Não valia a pena bater boca com um imbecil daqueles!
Nesse momento eu reparo que um homem entra no salão.
Estava vestido de preto e tinha o aspecto de um dominador.
Ele se aproximou,olhou para o rapaz,entrou entre mim e ele e se sentou na banqueta ao meu lado.
Assim que viu o homem,Alan largou o que estava fazendo,correu ate o som e mudou a música.
No lugar da música que tocava ele colocou outra,acho que era uma do Stone Temple Pilots,não tenho certeza.
O homem de meia idade e cabelos grisalhos me olhou nos olhos e disse:
- Boa noite.
Uma submissa conhece um dominador,nós sentimos isso dentro do coração.
- Boa noite,senhor. - respondi -
- Ei!!Não vê que estou falando com essa cadela??Como se atreve a se colocar entre mim e ela???
Berrou o rapaz.
- Essa criatura a esta importunado? - perguntou ele calmamente-
- Sim senhor,esta! - respondi de imediato -
O homem grisalho se voltou para o pseudo mestre .
- Você esta importunando essa menina...por favor,saia!
- O que??- berrou o rapaz - Você sabe quem eu sou??Sabe com quem esta falando??
Eu sou "Super domineering master of the cruel world"!!
- Eu sou um mestre!!!E você,quem é???
O homem grisalho se levantou lentamente,olhou fixo nos olhos do rapaz e respondeu:
- O meu nome é " Legião "... some!!
O rapaz ficou alguns segundos ali,parado,estático,como que fora de si !
Os dominadores,os verdadeiros dominadores tem disso!
Eles tem um poder no olhar que congela qualquer pessoa!
- Vou fazer minha performance com facas...
O rapaz disse isso e se foi.
O homem grisalho se sentou novamente.
- Obrigada,senhor.
- Não por isso. - respondeu ele -
Nisso,Alan se aproxima e coloca o meu drink no balcão.
- O que é isso?- perguntou o homem grisalho -
- O drink da casa meu Dom,"sangue de Sade ".
- Você vai beber isso?- perguntou ele para mim -
- Pretendo! - respondi -
- Façamos o seguinte - disse o grisalho - Leve isso de volta,é muito forte para essa menina...traga para ela soda com vodka...para mim,o de costume!
- Sim senhor! - respondeu Alan sem pensar duas vezes -
Como pode?
Um dominador tomando decisões por mim??
E como ele sabia que eu gostava de soda com vodka?
- Posso saber o que a menina faz sozinha aqui?
- Aguardo alguns amigos,senhor.
- Sera que eu os conheço?
- Sub Elana,Dom Brenon,Lorde Boris , sub Claria e Dom Zerios.
O homem grisalho abre um sorriso.
- Esperamos as mesmas pessoas!- disse ele -
- Você deve ser Lais de Dom Edgard.
- Sim senhor,ele foi meu dono,senhor.
Alan retorna trazendo minha soda com vodka e uma taça com vinho tinto.
Nesse momento entram no salão Elana e os demais aguardados.
Eles se aproximam.
Nós nos cumprimentamos e Dom Zerios berra:
- Meu querido amigo,senhor das sombras!!!
- Caro confrade!- responde o grisalho,abraçando Dom Zerios e beijando seu rosto.-
- Eu não suporto isso!!!Esse mundo não nos pertence mais!!!
Lamentava-se Dom Zerios.
- Calma meu nobre amigo - disse o grisalho - esse mundo nos pertence sim...apenas mudou de lugar...
Nesse momento ouve-se gritos vindos do meio do salão.
Acumulo de pessoas...um grupo de jovens traz alguém que parece estar ferido.
No meio deles pude reconhecer o jovem " dominador fashion",que vinha segurando a mão.
- Estou ferido!!!Estou ferido!!! - berrava ele -
O grisalho se aproximou do grupo,olhou o ferimento e disse:
- Levem-no para um hospital,ou ele morrerá de inanição !!!
- Eu vou morrer!!!Eu vou morrer!!!
Berrava o rapaz enquanto era tirado do bar.
- É grave? - perguntou Elana ao grisalho -
Ele sorrio e respondeu :
- Superficial...um band aid resolve o problema...
- Pegamos uma mesa?- perguntou Dom Brenon -
- Não!- respondeu o grisalho - Daqui iremos para uma confraria onde ficaremos mais á vontade!
Foi o que fizemos.
Comecei um relacionamento com o grisalho.
Descobri depois que o nome dele não era " Legião ".
Passados alguns meses eu me tornava sua escrava.
Eu estava viva de novo...










domingo, 2 de junho de 2013

O VELÓRIO .





Atenção:
Essa é uma obra de ficção,qualquer semelhança com nomes e lugares sera mera coincidência,obrigado.


" Os três homens se aproximaram da porta da sala que dava acesso ao velório.
Eles entraram um á um,olhando de lado,cumprimentando as pessoas que estavam ali com um aceno da cabeça ou com um gesto da boca.
Foram ate o caixão que estava no meio da sala,pararam ao lado dele e ficaram com aquela característica cara de pastel de quem quer demonstrar algum respeito ou sentimento por quem jaz no fundo do esquife!
Ficaram ali alguns minutos,passaram por uma senhora que estava sentada próxima ao caixão perguntando se ela era a esposa.
"- Eu sou a irmã."- respondeu a mulher que trazia um terço de orações na mão.-
Os homens se afastaram,ficando em um canto ,fora da sala.
- Eu não gosto de velório!- começou um deles -
- Tinha-mos que vir,né Alberto?- disse outro -
- Senti cheiro de café - comentou o Alberto - deve haver uma lanchonete por aqui...vou procurar depois!
Após alguns minutos de conversa,um deles diz:
- Repararam em uma coisa?
- O que Ronaldo?- perguntou um deles -
- Armando não tinha esposa...
- Ta...e dai?- perguntou Alberto -
- O cara tinha cinquenta e poucos anos e não tinha esposa??
- Eu tive um tio que morreu solteiro com oitenta e cinco...e dai?- perguntou outro que se chamava Cícero -
- Ta...tudo bem,mas,o doutor Armando era um homem que se vestia de forma muito distinta...nós nunca ouvimos nada sobre ele na empresa,nenhum caso de assédio sexual...as mulheres adoravam ele...
- Doutor Armando era diretor financeiro da empresa Ronaldo!Você queria o que?Que ele viesse trabalhar de bermuda e chinelo??- disse Cícero -
- Não!Mas analisando a situação,eu acabo de concluir que ele era gay!
- Que é isso??!!- comentaram os outros dois indignados -
- Vejam!
- O homem se vestia de modo distinto e as mulheres do escritório adoravam ele!Normalmente esse tipo de perfil se encaixa nos gays!
- Você deveria ter ficado em casa!- disse Cícero -
- Eu vou procurar a lanchonete para comprar café! -disse Alberto -
- Gente,calma! - disse Ronaldo aos amigos -Estou apenas analisando os fatos,só isso!
- Doutor armando não tem esposa,se vestia bem e era adorado pelas mulheres da empresa,só isso!
- Você quer dizer - começou Cícero - que o meu tio que morreu solteiro era gay??Que eu saiba ele era espada,e muito!!
- Tudo bem pessoal,mas vejam!Doutor Armando era um homem distinto,educado,falava manso,olhando nos olhos...
- Pô Ronaldo!- protestou Alberto - Da um tempo cara!!
- Você esta viajando Ronaldo!- completou Cícero -
Nesse momento,chega uma nova figura ao velório.
Uma mulher,trinta e poucos anos,estatura mediana,muito bem vestida.
- Rapaz!- exclama Cícero - Que coisa linda!
- Alguém conhece?- pergunta Alberto -
- Vamos ver!- disse Ronaldo -Se ela chegar no caixão e colocar a mão no defunto significa que é íntima!
Dito e feito!
A mulher cumprimentou as pessoas,cumprimentou a irmã do falecido e em seguida se aproximou do caixão.
Ela contemplou o corpo inerte ,colocando em seguida a sua mão direita sobre o peito do falecido!
- Eu não disse??- falou Ronaldo sussurrando - Ela conhecia o doutor Armando!!!
- Porra Ronaldo - disse Cícero - você é meu amigo,mas estou com vontade de te dar uma porrada!
- Mulherão,heim?- comentou Alberto -
- Parece que isso derruba a sua tese de que o doutor Armando era gay! - disse Cícero -
- Ela pode ser amiga dele!- argumentou Ronaldo -
Passados mais alguns minutos chegavam ao velório mais quatro mulheres.
Todas lindas,muito bem vestidas.
Uma a uma foram cumprimentar a irmã do falecido e semelhante a primeira,encostaram no caixão,demonstrando um sentimento de perda.
Com o passar das horas mais três mulheres chegaram e repetiram o mesmo.
Por fim,elas fizeram um pequeno grupo num canto e ficaram ali,conversando entre si.
- Cara - começou Cícero - eu nunca havia visto tantas mulheres bonitas reunidas juntas antes!
- Ainda acha que o doutor Armando era gay Ronaldo?- perguntou Alberto -
- Meus amigos,o fato de ter um monte de mulher bonita aqui não significa que ele era machão!- disse Ronaldo -
- Eu estou notando uma coisa...eu vou ver!- disse Ronaldo -
Ronaldo se afastou de seus amigos,foi para dentro da sala do velório,deu uma volta,passou perto do caixão e em seguida saiu novamente,voltando para o seu grupo.
- Olhem no pescoço delas!- disse Ronaldo -
- O que é que tem ?- perguntou Cícero -
- Todas elas usam uma gargantilha com as letras "M-A".
- E o que é que tem isso?- perguntou Alberto -
- Isso quer dizer que o doutor Armando tinha um negocio paralelo!
- Ta falando de que Ronaldo?- perguntou Cícero -
- Doutor Armando tinha uma clínica de massagem!Essas mulheres lindas são massagistas profissionais,e as letras na gargantilha significam,"Massagistas Anônimas"!
Os outros dois ficam olhando para Ronaldo com um olhar incrédulo.
- Tenha a santa paciência Ronaldo! - diz Alberto -
- Não meus amigos...vejam...tudo bate!
- Eu é que vou bater em você Ronaldo,se continuar a falar tanta bobagem!-disse Cícero -
- Tenha dó Ronaldo!Doutor Armando era um homem íntegro,da um tempo...- completou Alberto -
- Tudo bem,tudo bem!Me expliquem então,por que ele não tinha esposa,por que ele era adorado pelas mulheres no escritório e o por que dessas oito belas mulheres aqui,heim,heim???
Nesse momento chega ao velório uma nova figura.
Uma mulher alta,elegante,linda,de andar seguro,trajando um vestido preto e um pequeno chapéu com um véu de tule preto que caia sobre um rosto de princesa.
Os três amigos ficaram boquiabertos com a passagem da deusa feminina.
- O que é que é isso?- disse Ronaldo -
- Rapaz!!- exclamou Cícero -
- Eu nunca vi uma mulher tão linda!!-declarou Alberto -
- Ainda acha que Armando era gay??- perguntou Cícero para Ronaldo -
- Agora você me pegou! - respondeu ele ao amigo -
Passados mais alguns minutos e chega ao velório Andreia,aquela que fora secretaria de doutor Armando.
Assim como todas ela repetira o mesmo ritual,passando pela irmã do morto,indo ate o caixão e depois se juntando ao grupo de mulheres de preto no canto.
- Já sei!- disse Ronaldo -
- O que foi ?- perguntou Alberto -
- Vamos desvendar esse segredo agora!- disse Ronaldo -
- Vai fazer o que?- perguntou Cícero -
- Vou tirar as dúvidas com Andreia,a secretaria dele!- respondeu Ronaldo -
Ronaldo entrou novamente na sala do velório,voltando em seguida na companhia de Andreia.
- Muito bem Andreia - disse ele para a moça - nós estamos com uma dúvida aqui e gostaríamos que você nos ajuda-se!
- Nós não - disse Cícero - ELE,Ronaldo esta com uma dúvida...
- O que é?- perguntou a garota -
- Seja sincera Andreia...o doutor Armando era gay??- perguntou Ronaldo -
Andreia ficou ali,paralisada,olhando incrédula para os três homens.
- O que??- começou ela- Doutor Armando...gay???
- Eu...bem...analisando alguns detalhes...conclui isso...- disse Ronaldo -
Andreia levou a mão á testa,ao mesmo tempo em que sorria junto a um olhar indignado.
- Como vocês homens são idiotas!- disse ela -
- Desculpe Andreia - interrompeu Cícero -nós homens não,RONALDO pensou isso...
Andreia fitou os três amigos por alguns segundos e em seguida disse:
- Pois saibam vocês,"machões",que o doutor Armando era na verdade um homem especial,ele era três vezes mais homem que qualquer um de vocês!
- Calma Andreia - interrompeu Ronaldo - eu só estou tentando tirar uma dúvida depois daquilo que eu vi!
- Ele não tinha esposa,era super educado,um cinquentão adorado pelas mulheres,agora me aparecem aqui essas beldades trazendo  uma mesma  gargantilha...aliás...gargantilha que você também usa...
- Querem saber?- disse Andreia - eu tenho a obrigação de defender o doutor Armando,mesmo depois de morto !
- Esta falando de que menina?- perguntou Alberto -
- Doutor Armando não era gay...doutor Armando era um DOMINADOR!
- Dominador? - perguntaram os três amigos se entreolhando -
- Sim! - respondeu Andreia - E as iniciais nas gargantilhas são de " Mestre Armando"!
Andreia explicou aos amigos o que era um dominador,o que era um mestre,quem eram as mulheres e a qual mundo pertenciam.
Os três ficaram ali,parados,de olhos arregalados,olhando para a secretaria.
- Quer dizer - começou Alberto - que você e aquelas mulheres são escravas do doutor Armando??
- Armando tinha nove mulheres?- perguntou Cícero_
- Um cara com quase sessenta anos tinha nove mulheres e eu com trinta e cinco mal consigo uma numa balada...- comentou Ronaldo -
- Pois é - disse Andreia - viram como são preconceituosos?
- Mas...e aquela...aquela que não tem gargantilha - perguntou Alberto - ela também é uma escrava??
Andreia olhou na direção do grupo de mulheres e respondeu:
- Não!Aquela é a senhora Maíra...ela é uma rainha...
- Rainha tipo...dona de um reinado??- perguntou Cícero -
Andreia então explicou a eles o que era uma Domme,uma rainha.
- Quer dizer que ela tem escravos que a servem?- perguntou Alberto -
- Sim!- respondeu Andreia -
- Eu adoraria servir essa mulher!!Nossa!Eu me apaixonei por ela!- disse Alberto  com um brilho nos olhos -
- Bem - disse Andreia - acho que tiramos todos os mal entendidos,não é?
Todos concordaram .
- Se me dão licença,irei para junto de minhas irmãs!
Andreia disse isso e saiu,voltando para dentro da sala do velório.
Passado mais algum tempo Alberto pô-de ver Andreia falando ao ouvido daquela á qual chamou de "rainha".
Maíra fechou os olhos e quando os abriu novamente eles estavam voltados para Alberto!
Aquele olhar o fez sentir um calafrio correr pela espinha!
Começaram os preparativos para o enterro.
As pessoas começaram a sair da sala.
Os três amigos se preparavam para acompanhar o féretro ,quando Alberto percebeu a aproximação de Maíra.
Ela parou diante dele.
O olhar dela penetrou o dele e o congelou.
Maíra tirou da bolsa um cartão,entregou para Alberto e disse :
- Ligue para mim!
Deu meia volta e saiu,seguindo o grupo de pessoas.
- Eu ligarei,senhora! - disse Alberto em voz alta -
Maíra se voltou respondendo com um olhar indiferente:
- Aprende rápido...
Alberto ficou ali,segurando o cartão entre os dedos,ouvindo o som dos saltos de Maíra contra o solo e assistindo á aquele rebolado se afastando.
- Você esta bem?- perguntou Cícero se aproximando-
Alberto não respondeu,continuava com o olhar fixo em Maíra,boca entreaberta,mão no ar segurando o cartão.
- Hei!!- chamou Cícero - Você esta bem??- insistiu Cícero -
- Eu...estou...estou sim...- respondeu Alberto colocando o cartão no bolso da calça.
- Então vamos"!- disse Ronaldo -
E os três saíram caminhando juntos,acompanhando o cortejo de Mestre Armando.